A CERIMÔNIA DO "LAVA PÉS"
A origem da prática pode estar
nos costumes referentes à hospitalidade das civilizações antigas, especialmente
naquelas onde a sandália era o principal tipo de calçado. O anfitrião, ao
receber um hóspede, providencia uma vasilha com água e um servo para lavar-lhe
os pés. Este costume aparece em diversos pontos do Antigo Testamento e também
em outros documentos históricos e religiosos. Um típico anfitrião da região
geralmente se curvava, beijava o hóspede e então oferecia a água e o servo para
a lavagem dos pés. No trecho em I Samuel aparece pela primeira vez o ato de
alguém realizar a lavagem como prova de humildade.
Na Igreja Católica Romana, o
ritual da lavagem dos pés é atualmente associada com a Missa da Última Ceia,
que celebra de maneira especial a Última Ceia de Jesus, na Quinta-Feira Santa.
Evidências da prática neste dia remontam pelo menos o século XII, quando
"o papa lavou o pé de doze subdiáconos após sua missa e de treze pessoas
pobres após sua ceia."
De 1570 a 1955, o Missal Romano
trazia, após o texto da missa da Quinta-Feira Santa, um rito de lavagem dos pés
não relacionado com a missa. A revisão de 1955 pelo papa Pio XII inseriu-o na
missa. Desde então, o rito é celebrado após a homilia que segue a leitura do
evangelho — com o trecho referente à lavagem realizada por Jesus em João.
Alguns homens pré-selecionados — geralmente doze, mas o missal não prescreve um
número — são conduzidos até cadeiras preparadas para cerimônia. O sacerdote,
com a ajuda de ministros, derrama água sobre os pés de cada um e os enxuga. Há
alguma controvérsia, ou pelo menos uma variação na prática, sobre se este
ritual deveria incluir leigos e, se sim, se mulheres deveriam ser excluídas.
No passado, a maior parte dos
monarcas da Europa também realizavam o Lava-pés em suas cortes reais durante a
Quinta-Feira Santa. Uma prática que era auxiliada pelo mestre-sala na Casa Real
Portuguesa, e ainda era realizada até o início do século XX pelo imperador do
Império Austro-Húngaro e pelo rei da Espanha.