Nossa homenagem a um dos gaúchos mais campeiros que conheci e que partiu para as sesmarias do infinito esta semana: JOSÉ FONSECA.

domingo, 12 de março de 2023

 

UM ALICERCE CHAMADO TRADIÇÃO


Iguais ao Petrópolis (foto) dezenas de Clubes fecharam as portas.
E os CTGs? Mesmo rengueando seguem suas caminhadas.
Foto: Léo Ribeiro

 

Algumas pessoas advogam que a saída para os Centros de Tradições Gaúchas manterem-se de pé está no “liberou geral”. Ledo engano. Isto será a Sentença de Morte destas entidades. O que ainda mantém um CTG em funcionamento, embora lutando com dificuldades, está justamente na preservação dos costumes legados. O culto as tradições é o seu diferencial, caso contrário seriam apenas mais um clube associativo (dentre tantos que faliram). 

É claro que não se pode viver do passado. Fosse assim teríamos que andar de chiripá, bota de garrão, abrindo mão das comodidades que o progresso nos oferece. Se foi o tempo de mandar recados “pela rádio”. Hoje andejamos com celulares de última geração e desta forma carregamos o mundo dentro do bolso da bombacha. Temos que vivenciar o momento bombeando para o futuro pois, se assim não o fizermos, se não caminharmos juntos com os novos tempos, a tradição está fadada a morrer em duas gerações. Contudo, a preservação da essência é o que nos mantém vivos. Que nos sirvam de exemplo os Orientais. Os costumes milenares cultivados pelos japoneses não afastou aquele povo de ser um dos mais desenvolvidos do planeta.  

Concordamos que existem alguns exageros em prol de uma autenticidade, fato que acaba por afastar algumas pessoas dos Centros de Tradições. Há que se ter o bom senso, o meio termo, o equilíbrio. O que achamos sem fundamento nestas discussões intermináveis é dizer que a largura da bombacha, a proibição de atos que infrinjam seus regulamentos, vão levar um clube social a falência. Existem dezenas de outros fatores que deveriam ser observados.

Antigamente os bailes eram disputados por serem algumas das poucas diversões de uma comunidade. Com a internet e seus benefícios, com a violência urbana, com a proliferação de festas, aquelas datas tão esperadas para divertir-se em algum evento tornaram-se descartáveis.  

Aqui na capital moro em frente ao Petrópolis Tênis Clube. Porta com porta. Era o Clube dos belos carnavais. Agora, se não fosse comprado pelo União que, juntamente com a Sogipa só é forte porque recebe verbas do Ministério dos Esportes, estaria em ruínas, abandonado. Iguais a este (Petrópolis) lembro do Teresópolis, Glória, Gondoleiros, Clube do Comércio, Partenon, Independente... e tantos outros que, se não fecharam suas portas, vivem de um passado de láureas.

E os CTGs? Mal ou bem continuam suas atividades porque em seu meio existe algo diferente a ser preservado, ou seja, a tradição.