UM ALICERCE CHAMADO
TRADIÇÃO
Algumas pessoas advogam que a
saída para os Centros de Tradições Gaúchas manterem-se de pé está no “liberou geral”. Ledo
engano. Isto será a Sentença de Morte destas entidades. O que ainda mantém um
CTG em funcionamento, embora lutando com dificuldades, está justamente na preservação
dos costumes legados. O culto as tradições é o seu diferencial, caso contrário
seriam apenas mais um clube associativo (dentre tantos que faliram).
É claro que não se pode viver do
passado. Fosse assim teríamos que andar de chiripá, bota de garrão, abrindo mão
das comodidades que o progresso nos oferece. Se foi o tempo de mandar recados
“pela rádio”. Hoje andejamos com celulares de última geração e desta forma carregamos
o mundo dentro do bolso da bombacha. Temos que vivenciar o momento bombeando
para o futuro pois, se assim não o fizermos, se não caminharmos juntos com os
novos tempos, a tradição está fadada a morrer em duas gerações. Contudo, a preservação da essência é o que nos mantém
vivos. Que nos sirvam de exemplo os Orientais. Os costumes milenares cultivados
pelos japoneses não afastou aquele povo de ser um dos mais desenvolvidos do
planeta.
Concordamos que existem alguns exageros
em prol de uma autenticidade, fato que acaba por afastar algumas pessoas dos
Centros de Tradições. Há que se ter o bom senso, o meio termo, o equilíbrio. O
que achamos sem fundamento nestas discussões intermináveis é dizer que a
largura da bombacha, a proibição de atos que infrinjam seus regulamentos, vão levar um clube social a falência. Existem dezenas de
outros fatores que deveriam ser observados.
Antigamente os bailes eram
disputados por serem algumas das poucas diversões de uma comunidade. Com a
internet e seus benefícios, com a violência urbana, com a proliferação de
festas, aquelas datas tão esperadas para divertir-se em algum evento tornaram-se
descartáveis.
Aqui na capital moro em frente ao
Petrópolis Tênis Clube. Porta com porta. Era o Clube dos belos carnavais.
Agora, se não fosse comprado pelo União que, juntamente com a Sogipa só é forte
porque recebe verbas do Ministério dos Esportes, estaria em ruínas, abandonado.
Iguais a este (Petrópolis) lembro do Teresópolis, Glória, Gondoleiros, Clube do
Comércio, Partenon, Independente... e tantos outros que, se não fecharam suas
portas, vivem de um passado de láureas.
E os CTGs? Mal ou bem continuam
suas atividades porque em seu meio existe algo diferente a ser preservado, ou
seja, a tradição.