MAIS UM SOLDADO NESTA TRINCHEIRA
No dia em que se comemora 251 anos de Porto Alegre, a cultura regional gaúcha não tem muito a festejar. Um exemplo: Há tempos viemos postando sobre o desleixo público para com a estátua do grande líder da Revolução Farroupilha, Bento Gonçalves da Silva. Chegaram ao ponto de roubar duas placas laterais com mais de 200 kg cada uma em plena luz do dia e até hoje ficou o dito pelo não dito. Em maio de 2021 Mônica Leal, representando a Frente Parlamentar dos Vereadores Pela Tradição, entregou um documento ao chefe do executivo, Sebastião Melo, solicitando a restauração do monumento. Pelo visto o mandatário municipal engavetou tal solicitação. Entra prefeito e sai prefeito e nenhuma providência é tomada.
Sabemos das dificuldades do M.T.G., mesmo assim sugerimos que a entidade que representa mais de 1.700 filiados, adotasse aquele espaço ou que, ao menos, abraçasse uma campanha em favor de sua revitalização. Não obtivemos retorno.
Agora o jornalista Leandro Staudt fez uma matéria em sua
coluna do jornal ZH deste fim de semana com o título: QUEM VAI PROTEGER A
ESTÁTUA DE BENTO? Esperamos que este canhão que se chama RBS tenha forças para
mudar este quadro.
Eis na íntegra o que escreveu o repórter que não tem vínculos com a nossa tradição mas que preocupou-se com algo realmente
importante:
“Infelizmente, não é novidade o
vandalismo na estátua equestre do General Bento Gonçalves em Porto Alegre. O
problema é que sempre pode piorar, e piorou. O monumento fica no canteiro da
Avenida João Pessoa, junto à Avenida Azenha, no caminho percorrido pelos
farroupilhas quando entraram na cidade em 20 de setembro de 1835.
Como outras obras nas ruas da
cidade, ela padece nas mãos de vândalos. Além da tinta no granito, o pedestal
não tem mais as duas placas de bronze, furtadas em 2017. Em nada lembra os
tempos da inauguração. Autor do livro A Escultura Pública de Porto Alegre, o
historiador da arte José Francisco Alves o classifica como o mais importante
monumento da cidade no contexto histórico gaúcho.
O primeiro presidente da República
Rio-grandense foi homenageado com a estátua de bronze nas comemorações do Centenário
da Revolução Farroupilha. Pelo plano original, uma grande obra ficaria junto à
nova ponte da Avenida Azenha, ponto do primeiro combate entre farroupilhas e
imperiais. O destino da obra do escultor Antonio Caringi acabou sendo o largo
em frente ao pórtico monumental da Exposição do Centenário Farroupilha, no
Parque da Redenção. Na Alemanha o artista modelou o general a cavalo em
Munique. A estátua foi fundida em Berlim.
A inauguração ocorreu no final da
tarde de 15 de janeiro de 1936, no encerramento da exposição. Em nota na
imprensa, o prefeito Alberto Bins pediu que as empresas encerrassem o
expediente mais cedo para que todos pudessem assistir aos atos. Os órgãos
públicos municipais e estaduais adotaram o ponto facultativo. O jornal A
Federação publicou que o monumento iria perpetuar a memória de um dos maiores
vultos da história Rio-grandense.
Em 1941, a estátua equestre do
general foi transferida para o canteiro central da Avenida João Pessoa,
colocada em pedestal de granito novo e mais alto. Em frente, foram construídos
dois espelhos d’água com chafarizes, que eram iluminados à noite. Em ponto
movimentado da cidade, a importante obra deveria chamar a atenção pela beleza.
Lamentavelmente, o que vemos é o
descaso com a obra de arte e a história. Quem conseguirá proteger Bento
Gonçalves?”.