FUNDO DA GROTA
Ontem, dia 14, ouvi uma entrevista do Baitaca ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, tudo em função de uma outra reportagem de uns dias atrás aonde o artista comentou sobre pilchas, modernismos na tradição, e coisas do gênero, fato que causou uma polêmica muito grande com centenas de pessoas sendo agressivas nas redes sociais (terra de ninguém) em virtude do posicionamento do cantor missioneiro. Senti um Baitaca magoado com a repercussão dada ao acontecido.
Os ataques acontecem, inclusive, no meio artístico aonde alguns músicos e compositores que se acham da "prateleira de cima" vem com o chavão: "esse não me representa".
Tudo bem. Pode até não te representar, também não me representa, mas representa milhares de fãs que vêem no seu estilo algo puro, autêntico, ligação direta com o peão de fazenda. Total, que estilo representa o Rio Grande do Sul? A música missioneira? A serrana? A nativista? A regionalista? A folclórica?
Outros alegam que o Baitaca é artista de uma música só (Fundo da Grota). Outra falácia. Tem dezenas de composições mas a que relacionamos com o autor é justamente esta. Isto é um fato corriqueiro no meio musical. Um dos maiores compositores que tive a honra de conhecer foi o saudoso Leonardo, autor de diversos clássicos. E qual a música que fazemos ligação? Céu, Sol, Sul. Teixeirinha, o Rei do Disco, campeão de vendas, compositor de centenas de músicas, nos dias de hoje qual sua música identitária? Querência Amada.
O que ocorreu nestes dois anos de pandemia foi um rebusque do Fundo da Grota com diversos artistas de nome gravando pelo Brasil inteiro. Esta música é antiga, constantemente tocada nos bailes mas "estourou" nestes tempos de clausura. Isto gera mágoas, inveja, ciúmes, e uma porção de sentimentos análogos. Baitaca se tornou vitrine e tudo o que faz e diz, dentro de sua simplicidade, é motivo de contraponto. Vamos respeitar sua opinião e não será esta (opinião) que fechará ou abrirá as portas de um CTG. Como dizem por aí "menos, bem menos".