RETRATO DA SEMANA

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quinta-feira, 14 de julho de 2022

ERRO CRASSO FARROUPILHA.


Óleo sobre tela de Guido Mondin


Os leitores, com certeza, já ouviram falar em "erro crasso". Mas vamos reforçar. Erro crasso é o erro fatal. O erro que, por culpa dele, determina o fim de alguma atividade, de algum projeto ou mesmo de alguma pessoa. 

Tal terminologia tem origem em um general romano que era mais conhecido por suas riquezas do que por suas habilidades estratégicas no campo militar. O General Crasso, por sua teimosia, levou seus soldados, em torno de 50 mil, a perseguirem o exército Parto por um desfiladeiro mesmo sendo desaconselhado por seu alto comando. O resultado foi que os Partos trancaram as saídas daquele corredor natural e, mesmo em menor número, dizimaram os guerreiros inimigos e o próprio Crasso.

Pois a partir do dia que dei aquela volteada na réplica do barco Seival fiquei matutando e cheguei a conclusão que o exército farroupilha cometeu um erro crasso já no começo da revolução. 

Por não ter uma marinha, deixando livre o caminho para os imperiais entre a corte no Rio de Janeiro e Porto Alegre, através da Lagoa dos Patos, a melhor estratégia seria aproveitar o fator surpresa e, no dia 20 de setembro de 1835, atacar Rio Grande e São José do Norte e ali centrar suas forças cortando este gargalo. A capital poderia ficar para depois. Sem esse canal de comunicação e de abastecimento das tropas imperiais, o resto se tornaria mais fácil.

Tanto é assim que, quando os farroupilhas se deram conta da importância estratégica destas localidades, Bento Gonçalves tentou tomar São José do Norte, mas aí já era tarde. Foi uma das batalhas mais sangrentas da guerra. Quanto a cidade de Rio Grande, fortalecida, nunca caiu nas mãos dos republicanos.   

Não sou nenhum César e, por vezes, cometo erros crassos, mas acho que minha "perspectiva logística" tem fundamento.