BALANÇO DE FIM DE MANDATO
Sexta-feira, 22, foi meu último dia como membro do Conselho Estadual de Cultura, colegiado que aprova (ou não) os projetos encaminhados via Lei de Incentivo a Cultura e que buscam patrocínios através do redirecionamento de impostos das empresas.
Foram quase dois anos de muito debate, por vezes acalorados, mas, também, de grande aprendizado. Por incrível que possa parecer saio com a pecha de um conselheiro conciliador.
Neste tempo que em atuei, em função da pandemia, aconteceram 360 reuniões virtuais e nenhuma presencial. As sessões aconteciam das 10 as 12h. Estive presente em todas, sem exceção.
No período me coube a relatoria de 58 projetos culturais, a grande maioria voltados para o segmento da Tradição e Folclore. Foram aprovados em todas as instâncias, ficando aptos a captar recursos para sua realização, o impressionante número de 57 destes projetos. O único que não alcançou notas suficientes na Avaliação Coletiva do Pleno do Conselho ainda tem mais três oportunidades (votações) para ser aprovado. Espero que os novos componentes olhem com carinho para que tal projeto aconteça e eu possa dizer que 100% dos projetos que relatei alcançaram seu objetivo.
E não pensem que foi uma luta fácil.
Primeiro porque a Lei Rouanet, a nível nacional, apresentou problemas e diversos projetos que não alcançaram sucesso lá, vieram desaguar na LIC. Na última avaliação coletiva de meu mandato havia a solicitação de valores em torno de 18 milhões e a liberação por parte do governo estadual foi de 3 milhões, ou seja 15 milhões em bons projetos ficaram de fora.
Segundo porque havia no Conselho um certo ranço para com projetos que envolvessem nossa cultura gaúcha. Norteava o pensamento de alguns o conceito de que a cultura regional gaúcha é composta por estancieiros e não precisa de verbas públicas para seus festivais, invernadas artísticas, comemorações farroupilhas.... Estes membros não enxergavam o CTG como uma sociedade agregadora, encravada nas vilas, cumprindo uma função social muito além das suas paredes de costaneiras. Isto tudo precisou ser trabalhado por apenas dois conselheiros, a Elma Santana e eu. Com a nossa saída em função do novo Decreto Estadual que não permite recondução esperamos que alguém advogue em favor da nossa tradição pois, pelo que vi na relação, no segmento Culturas Populares ninguém é do meio.
Agradeço a Estância da Poesia Crioula, entidade pela qual fui eleito, e a seu ex-presidente Maxsoel Bastos de Freitas, por confiarem no meu trabalho e penso que posso dizer ao sair: MISSÃO CUMPRIDA COM LOUVOR.