RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
A tomada da Ponte da Azenha, do pintor Augusto Luiz de Freitas (Instituto de Educação General Flores da Cunha, Porto Alegre/RS)

segunda-feira, 11 de julho de 2022

AINDA SOBRE O SEIVAL




Como me referi, neste passeio que fizemos sábado até Barra do Ribeiro na réplica do barco Seival, fui matutando sobre as dificuldades daqueles marinheiros farrapos (muitos uruguaios) na travessia até Laguna. 

A começar pela jornada por terra, em face de que a saída para o mar via Lagoa dos Patos, em Rio Grande, era dominada pelos imperiais. Foram 90 quilômetros percorridos em 6 dias, atravessando atoleiros no forte do inverno, com os dois lanchões, Farroupilha e Seival, sendo puxados por cem juntas de bois cada um, de Camaquã até a foz do rio Tramandaí. Aliás, o idealizador do Projeto Seival, professor Antônio Rodrigues me confidenciou que sua intenção era fazer um pequeno trecho por terra reprisando aquela audaciosa trajetória épica. Já tinha algumas juntas de bois e piquetes voluntários para ajudar mas, novamente, faltou apoio do poder público que, agora, quer aparecer em todas as fotos...

O lanchão Farroupilha, comandado por Giuseppe Garibaldi, era maior que o Seival (comandado pelo mercenário norte-americano John Griggs, o João Grandão). Tinha 18 toneladas e o Seival 12 e, mesmo assim, naufragou no oceano perto da barra do Rio Araranguá. Muitos morreram, Garibaldi conseguiu se salvar.

O Seival (réplica) tem um possante motor e GPS (foto) para orientá-lo. No Seival original a navegação era tudo mais rústica. Dependia dos ventos, de bussolas e da luz das estrelas. 

Por tudo isso fico pensando na bravura daqueles homens. Outros tempos.