RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

domingo, 19 de junho de 2022

REPONTANDO DATAS / 19 DE JUNHO

 


Num dia 19 de junho de 1919 nascia no Bairro do Passo d'Areia, Porto Alegre, Leovegildo José de Freitas, o Gildo de Freitas, filho de Vergílio José de Freitas e Georgínia de Freitas.

Consagrado na tradicional “Mi Maior de Gavetão”, em versos de sextilhas, acabou criando um estilo próprio, nos dias de hoje muito difundido pelos trovadores do Rio Grande do Sul. Foi, também, compositor de grande talento e algumas de suas obras tornaram-se verdadeiros clássicos do cancioneiro gaúcho, como é o caso de “Eu Reconheço que Sou Grosso”.

Cronologia de Gildo de Freitas

1931 - Gildo foge de casa pela primeira vez, aos 12 anos.

1937 - É tido como desertor, por não ter se apresentado à convocação militar. Envolve-se na primeira briga séria, onde morre um jovem amigo. Primeira prisão. Cria ódio da polícia.

1941 - Casamento com dona Carminha. Passa a ter morada fixa no bairro de Niterói, em Canoas, Grande Porto Alegre. Continuam os contratempos com a polícia.

1944 - Nasce o primeiro filho depois de dois perdidos. Gildo começa a viajar bastante e a ser reconhecido como trovador.

1949 - Trovador com fama ascendente em todo o Rio Grande do Sul, desaparece de casa e reaparece na fronteira gaúcha. Em longa temporada passada no Alegrete, mal consegue caminhar, com problema de paralisia nas pernas.

1950/51 - Em São Borja, conhece Getúlio Vargas e entra em sua campanha política. Param as perseguições policiais. Primeira viagem ao Rio de Janeiro.

1953/54 - Faz fama como trovador nos programas de rádio ao vivo em Porto Alegre. Volta à viver no Passo d`Areia, com a família.

1955 - Encontro e identificação como Teixeirinha. Muitas viagens. Mudança para o bairro Passo do Feijó e abertura do primeiro bolicho.

1956/60 - Maior atração do programa Grande Rodeio Coringa dos domingos à noite. Mais viagens com Teixeirinha.

1961/62 - Declínio dos programas de rádio ao vivo, televisão começando. Gildo resolve largar de mão a "cantoria" e inventa de criar porcos.

1963 - Viagem a São Paulo para gravar o primeiro disco.

1964 - É lançado o primeiro LP. Em meados do ano é "convidado" a prestar depoimento sobre suas ligações com o trabalhismo.

1965 - Início da célebre disputa com Teixeirinha através dos discos. Jango o convida para viver no Uruguai e ele não aceita.

1970/77 - Várias internações em hospitais, sucesso popular das gravações, muitas viagens. A "briga" com Teixeirinha chega ao auge. Mudança para Viamão.

1978 - Inaugura em Viamão a Churrascaria Gildo de Freitas e dá início aos bailões.

1982 - Grava o último disco, para a mesma gravadora dos outros todos, Continental. Última internação em hospital, últimas aparições públicas em programas de TV. Morte em 4 de dezembro.


também num dia 19 de junho, mas no ano de 1923 ocorre o

COMBATE NA PONTE DO RIO IBIRAPUITÃ
 
 


No Inverno de junho 1923, ocorreu um dos principais conflitos da Revolução de 23, o combate na ponte do rio Ibirapuitã na cidade de Alegrete. De um lado os Maragatos comandados pelo General Honório Lemes, o Leão do Caverá; a frente do 2º Corpo do Exército Libertador tendo a seu comando entre outros, Batista Luzardo, o ultimo Caudilho e os irmãos Timbauvas, que criaram fama pela sua coragem. De outro lado os Chimangos comandados pelo então Coronel Flores da Cunha, a frente da “Brigada do Oeste”, entre seus subordinados estavam Nepobuceno Saraiva, filho de Aparício Saraiva, o qual havia sido contratado com a sua tropa constituída de Uruguaios pelo governo de Borges de Medeiros para reforçar as tropas chimangas, o alegretense Tenente-coronel Osvaldo Aranha, os santanenses, Coronéis Sinhô Cunha e Pequeno Pedroso, assim como vários outros santanenses, civis e componentes do 2º de Cavalaria da Brigada Militar. Após vários combates, entreveros e chamuscadas, entre as tropas governistas e revoltosas, num inverno muito frio e chuvoso, as tropas de Honório Lemes, chegam a Alegrete, em 18 de junho, onde são recebidos pelo comandante da 2ª Divisão de Cavalaria do Exército Brasileiro, o qual mostra as áreas neutras em caso de conflitos. Os seus oficiais são recebidos com festas, bailes e jantares pela comunidade alegretense declarada de maioria maragata, ficando a sua tropa acampada no Capão do Angico. Durante a noite o General Honório Lemes recebe um chasque informando sobre a aproximação em marcha forçada das tropas do Coronel Flores da Cunha de imediato mandou reunir suas tropas no acampamento. Durante a discussão do emprego da tática a ser empregada, foi proposto a destruição da ponte, o que não foi aceito pelo General Honório Lemes que queria inicialmente apenas atrair as forças governistas para a Serra do Caverá, onde era profundo conhecedor do terreno, devido a sua vasta experiência como tropeiro naquela região, resolveu então colocar na vanguarda uma força simbólica comandada pelos irmãos Timbauvas, na entrada da cidade. 

De um outro lado, o Coronel Flores da Cunha, após combater na Picada do Aipo, em campo Osório na cidade de Santana do livramento, onde utilizou pela 1ª vez o emprego de metralhadoras da Brigada Militar, desloca-se com a Brigada do Oeste para a cidade de Quarai e em seguida para Alegrete para a Coxilha do Combate, enviando a sua vanguarda para a cidade a comando de Nepobuceno Saraiva, para ocuparem a mesma, porém acabaram tiroteando próximo ao cemitério com a vanguarda da tropa do General Honório Lemes. Ao chegar na cidade o Coronel Flores da Cunha foi de encontro ao Comandante da 2ª Divisão de Cavalaria do Exército Brasileiro, onde foi orientado a respeito das áreas neutras. Na seqüência foi direto a várzea verde, ficando a 700 metros da ponte. Em 19 de junho inicia o combate, a vanguarda do General Honório Lemes, que estava próximo ao cemitério tentou retardar a vanguarda de Coronel Flores da Cunha, tiroteando com a mesma, durante a fuga atraíram para a ponte a vanguarda chimanga, atravessaram a ponte e juntaram-se ao grosso da tropa maragata. Logo em seguida, Flores mandou uma seção de metralhadoras do 2ª R C da Brigada Militar fazer fogo sobre o inimigo, o qual estende praticamente toda sua força do outro lado da ponte, tornado quase impossível a sua travessia. Restando ao Coronel Flores da Cunha, apenas a realização de cargas de lanças, tenta pela 1a vez, arrancando sua espada e bradando “os que tiverem vergonha na cara que me acompanhem!”, foi em direção ao inimigo, levando consigo alguns valorosos componentes de sua Brigada, porém o máximo que conseguiu foi aproximar-se um pouco mais da ponte. Logo após o Major Guilherme Flores da Cunha, irmão de Flores, junto com o Capitão santanense, Luiz Rubim, e mais alguns realizam uma carga sobre a ponte, sendo que apenas 5, conseguiram passar, logo após foi ferido o capitão Rubim e ferido mortalmente o Major Guilherme, nesta batalha pelo lado governista foram baleados o próprio Coronel Flores da Cunha e o Tenente-Coronel Osvaldo Aranha, do lado dos maragatos Teco Timbauva e o Ten-cel Mauricio Abreu representaram as grandes perdas. Ainda como a ultima tentativa General Honório Lemes tentou uma carga a lança seca. Porém o desgaste de sua tropa o levou o a realizar uma retirada em direção a Serra do Caverá. Nesta batalha foram empregados uma media de 1.500 homens por Exército, mas a logística superior das tropas governista, foi decisiva. Logo após o combate continuou a perseguição dos chimangos do Coronel Flores da Cunha aos desgastados maragatos do General Honório Lemes.
 

Paulo Mena - Pesquisador