RETRATO DA SEMANA

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terça-feira, 14 de junho de 2022

REPONTANDO DATAS / 14 DE JUNHO

 

Em 14 de junho, de 1916, morria em Pelotas 

 João Simões Lopes Neto



João Simões Lopes Neto, o primeiro escritor gaúcho a publicar um livro (Contos Gauchescos e Lendas do Sul), nasceu em Pelotas no dia 9 de março de 1865.  

Era filho de Catão Bonifácio Lopes e Teresa de Freitas Ramos. Com treze anos de idade, foi para o Rio de Janeiro para estudar. Retornando ao Rio Grande do Sul, fixou-se em sua terra natal, Pelotas, então rica e próspera pelas mais de cinquenta charqueadas que lhe davam a base econômica.

Simões Lopes Neto envolveu-se em uma série de iniciativas de negócios que incluíram uma fábrica de vidros e uma destilaria. Porém, todos fracassaram. Uma guerra civil no Rio Grande do Sul – a Revolução Federalista de 1893 - abalou duramente a economia local. Depois disso, construiu uma fábrica de cigarros. Os produtos, fumos e cigarros, receberam o nome de "Marca Diabo", o que gerou protestos religiosos. Sua audácia empresarial levou-o ainda a montar uma firma para torrar e moer café, e desenvolveu um remédio para combater sarna e carrapato contendo o tabaco como base da fórmula. Ele fundou, ainda, uma mineradora para explorar prata em Santa Catarina.

Casou-se em Pelotas, aos 27 anos, com Francisca de Paula Meireles Leite. Não tiveram filhos. Como escritor, procurou em sua produção literária valorizar a história do gaúcho e suas tradições. Sob o pseudônimo de "Serafim Bemol", e em parceria com Sátiro Clemente e Dom Salustiano, escreveram, em forma de folhetim, "A Mandinga", poema em prosa. Mas a própria existência de seus co-autores é questionada. Provavelmente foi mais uma brincadeira de João Simões Lopes Neto.

Em certa fase da vida, empobrecido, sobreviveu como jornalista em Pelotas. Publicou apenas quatro livros em sua vida: Cancioneiro Guasca (1910), Contos Gauchescos (1912), Lendas do Sul (1913) e Causos do Romualdo (1914).

Ao lançar a primeira edição de Lendas do Sul, seu autor anunciou que estavam por sair Casos do Romualdo, que viria a ser lançado em 1914, e Terra Gaúcha e a existência das obras inéditas Peona e Dona, Jango Jorge, Prata do Taió e Palavras Viajantes. Mas dessas obras só foram encontradas por Dona Velha, como era conhecida a viúva do escritor, o que seria o segundo volume de Terra Gaúcha.

Dos demais, nada se encontrou, levando a crer que, ao se referir a inéditos, Simões Lopes Neto tinha em mente obras que ainda planejava escrever.

Terra Gaúcha, embora incompleta, foi publicada pela Editora Sulina, de Porto Alegre, em 1955.

João Simões Lopes Neto só alcançou a glória literária postumamente, em especial após o lançamento da edição crítica de Contos Gauchescos e Lendas do Sul, em 1949, organizada para a Editora Globo por Augusto Meyer e com o decisivo apoio do editor Henrique Bertaso e de Èrico Veríssimo.

O livro Lendas do Sul foi a primeira obra literária no idioma português a ser publicada na rede mundial de computadores pelo aclamado Projeto Gutenberg, um empreendimento sem fins lucrativos empenhado em disseminar grandes clássicos da literatura gratuitamente (ou a preços nominais) ao grande público.

João Simões Lopes Neto morreu em Pelotas em 1916, aos 51 anos, de uma úlcera perfurada. Sua literatura ultrapassou as fronteiras do Rio Grande do Sul e do Brasil e hoje pertence à literatura universal, tendo sido traduzido para diversas línguas.



Gosto tanto dos escritos de Simões Lopes Neto que, embora já tenha lido todos os seus livros, agora adquiri e estou relendo sua obra compilada. São apenas 1087 páginas de pura autenticidade.