RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
A tomada da Ponte da Azenha, do pintor Augusto Luiz de Freitas (Instituto de Educação General Flores da Cunha, Porto Alegre/RS)

terça-feira, 5 de abril de 2022

PREFIRO VIVER ESQUECIDO...

 

... DO QUE PERDER A IDENTIDADE.


Gravura: Léo Ribeiro


Com o fim dos discos de vinil e, posteriormente, dos CDs, dando espaço para o pen drive e outras formas modernas de gravações, um novo estilo musical tem surgido na Província de São Pedro, ou seja, a música descartável. Os artistas escolhem um tema, compõe, gravam e trabalham aquela música até esgotar. Até aí nada demais. Estamos acompanhando a evolução (embora o LP ainda resista). 

O problema é algumas escolhas do tema. Quase tudo já foi cantado aqui pelo Sul e alguns artistas, para serem diferentes, para ganharem espaço "lá para cima", incentivados por alguns "entendidos" que somente buscam curtidas nas redes sociais, gravam estilos jocosos, parodiando o mundo em que vivemos. Me admirei que até agora ninguém gravou algo sobre o "mendigo pegador".

Na verdade esta tentativa de cruzar o rio Mampituba para ganhar o Brasil já vem de longe. Lembram da tche music e o famoso maxixe nos bailes gaúchos? Pois é. Deu no que deu. Hoje, muitos dos que incentivavam a mudança de rumos pedem desculpas por seus equívocos. 

Essa "prostituição musical" não me agrada. Prefiro a música missioneira, fronteiriça, litorânea, serrana, tudo de raiz, do que perder a identidade para ganhar uma popularidade duvidosa, como aconteceu com o velho e bom estilo sertanejo de antigamente que evaporou-se ante a conhecida sofrência.

Tal qual as tropas lideradas por Jacinto Guedes da Luz, que traziam no seu chapéu uma faixa escrita "Sou do Guedes. Morro seco e não me entrego", eu também morro peleando por nossa música autêntica. E o resto do país? Que façam suas escolhas.