RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Gênero musical Bugio é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Sul

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

CARNAVAL É PARA OS FRACOS

 


Do livro:  Gauderiadas - cartuns gauchescos - 1993
Léo Ribeiro de Souza



domingo, 27 de fevereiro de 2022

REPONTANDO DATAS / 27 DE FEVEREIRO


Num dia 27 de fevereiro do ano de 2011. morria o poeta serrano Zeno Cardoso Nunes, ex-presidente da Estância da Poesia Crioula. Um de seus mais belos poemas chama-se Briga de Touros.

A chuva de verão passou. Veio a estiada.
O sol, a pino. A terra, inda molhada. 

Um Zebu está esperando no rodeio
outro touro, um crioulo guapo e feio
que sempre fora o dono da invernada,
e a passo largo vem se aproximando,
e vem cavando terra, e vem berrando
tão grosso que parece trovoada! 

Encontram-se e pelejam com denodo,
pondo em agitação o gado todo.
As aspas do Zebu, velozes como raio,
riscam do contendor o pelo baio
que ao sol reluz e brilha,
enquanto os cascos de ambos, como arados,
sulcam os pelos verdes e molhados
do lombo da coxilha! 

Também num dia 27 de fevereiro, mas o ano de 1894, os Maragatos vencem os Pica-paus no combate de Tarumã, em Passo Fundo. 

E no dia 27 de fevereiro, de 1844, durante a Guerra dos Farrapos, ocorre o famoso Duelo Farroupilha entre Bento Gonçalves e seu primo Onofre Pires. O duelo aconteceu as margens do Arroio Sarandi (Alegrete) sem a presença de testemunhas. Bento fere Onofre no ombro e na mão depois, com seu próprio lenço, faz um torniquete em Onofre e volta a cidade. Onofre Pires veio a morrer três dias após, de gangrena. 


Duelo Farroupilha - Ilustração para o livro Os Farrapos e a Maçonaria
- Léo Ribeiro - 


  

PUTIN CUSPIU E APAGOU O RISCO

 

E BIDEN ESMORECEU


Gravura: Léo Ribeiro

Há poucos dias, quando Joe Biden e Vladimir Putin apenas se retoçavam, comentei que aquelas ameaças mais pareciam nossas provocações de guris, lá na legendária Aratinga. 

Naqueles tempos de infância havia duas maneiras de testar a valentia de nossos adversários. 

A primeira era dizer: - Gospe (cospe) no chão se tu é bem homem !!!

A segunda era fazer um risco na terra e afrontar: - Apaga, se tu é macho !!!

Se nosso desafeto cumprisse algum destes desafios ou a gente se tramava no soco ou corria para casa o quanto a perna dava. 

Eu pensava que os alaridos entre os dois poderosos chefes de Estado não passavam de meras intimidações. Na verdade acho que era um desejo meu. Infelizmente me enganei. 

Putin, um demente, cuspiu e apagou o risco no chão matando centenas de pessoas e Biden correu para casa (Branca) com ameaças que fazem os russos soltarem frouxos de risos. E o resto do mundo? Como diz o gaúcho: - "se acadelou".    

Que tempo vivemos. A pandemia não serviu para nada. 

No fundo, estes buldogues não brigam. Se respeitam, ou se temem. Quem paga a mula roubada é o pequeno, o pobre. Como diria Brizola: - Tudo são "interésses". Quando o EUA invadiu o Iraque, entre garrafas de vodca a Rússia apenas observou. Agora, o chefe dos cowboys, com as calças borradas, emborca um whisky sem gelo antes de assistir a um filme de bang-bang. Total, matar índios é bem mais fácil. 


         

sábado, 26 de fevereiro de 2022

ATENÇÃO SRs. PASSAGEIROS:

 

  A VIAGEM É CURTA. APROVEITEM. 



UM BOM FIM DE SEMANA A TODOS 




sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

 





Sinto Falta Quando Lembro

Jorge Guedes - Participação especial Luiz Carlos Borges


 


Juvencião é daqueles gaúchos iguais a mim. Veio morar no povoeiro mas não esquece sua vida de peão de estância.  


Do livro Gauderiadas - Cartuns Gauchescos - 1993
Léo Ribeiro de Souza

 


PROJETOS APROVADOS PELO CEC

 

COM NOTA SUFICIENTE PARA A RESPECTIVA CAPTAÇÃO

(SEGUNDA QUINZENA DE FEVEREIRO) 


a esquerda média das notas (total de 5.0) 
e a direita o valor do projeto 


Os projetos acima foram aprovados pelo Conselho Estadual de Cultura e habilitados para captação de seus valores via incentivo fiscal. 

Com os problemas burocráticos advindos da Lei Rouanet a Lei de Incentivo a Cultura do Estado tem sido o desaguadouro de inúmeros projetos. A soma total de valores propostos através dos processos relatados nesta segunda quinzena de fevereiro era superior a 8 milhões enquanto que o disponível passava um pouco mais de 2 milhões. Sendo assim, diversos projetos, embora aprovados pelo Pleno do Conselho, não alcançaram nota suficiente para sua habilitação. Contudo, os proponentes ainda tem mais três oportunidades de atingir seus objetivos.  

Boa sorte na captação. 




REPONTANDO DATAS / 25 DE FEVEREIRO

 

No dia 25 de Fevereiro, do ano de 1845, chega da Corte (Rio de Janeiro) a Delegação Farroupilha, presidida pelo cachoeirense embaixador Antônio Vicente da Fontoura, trazendo as Concessões do Tratado de Paz de Ponche Verde. 

Talvez a escolha de Antônio Vicente da Fontoura como representante dos farroupilhas tenha sido o grande erro nestas tratativas de paz. Pessoa inconfiável, não era abolicionista e pertencia ao grupo da maioria republicana contrária a Bento Gonçalves da Silva e Antônio de Sousa Netto.  Após a guerra, foi morto a punhal por um negro no interior da igreja de sua cidade natal. 


General David Canabarro recebe as proposições de paz  
Revolução Farroupilha

Ilustração de Léo Ribeiro para o livro: Os Farrapos e a Maçonaria




quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

REPONTANDO DATAS - 24 DE FEVEREIRO


FUNDAÇÃO DE URUGUAIANA 

Em 24 de fevereiro de 1843 era criada uma Capela Curada denominada "Capela do Uruguai", conforme uma resolução que foi sancionada pela Assembleia Constituinte e Legislativa de Alegrete. Com iniciativa de Bento Gonçalves mas pelo dedicado empenho do Ministro das Finanças Farrapas Domingos José de Almeida, este é considerado o fundador oficial de Uruguaiana sendo a única cidade fundada durante a Revolução Farroupilha. 




Uruguaiana é o único município brasileiro que forma a tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Uruguai. A cidade tem grande importância estratégica comercial internacional, tendo em vista que está localizada equidistante de Porto Alegre, Montevidéu, Buenos Aires e Assunção; bem como a importância na produção agropecuária nacional, ostentando a liderança na produção do grão de arroz

A história inicial do município remonta ao início do século XIX, a 30 quilômetros de Uruguaiana, uma localidade chamada Santana Velha, onde no local funcionava um posto fiscal, um acampamento militar e onde existiam alguns ranchos com moradores. O local estava onde as tropas e comerciantes atravessavam o rio Uruguai. No ano de 1840 o povoado foi destruído por uma violenta inundação.

Pelos motivos da inundação e procurando um local melhor para estabelecer-se, em 24 de fevereiro de 1843 foi fundada onde atualmente se encontra, emancipando-se mais tarde em 29 de maio de 1846 quando desvinculou-se do município de Alegrete ao qual anteriormente pertencia. Perto de sua emancipação, alguns viajantes da época relatam ter encontrado no local não uma cidade brasileira, mas sim uma hispano-francesa em suas relações de vida e comércio, apoiada naquele tempo mais em Buenos Aires e Montevidéu do que Porto Alegre.

Uruguaiana orgulha-se de ter sido a primeira cidade do Brasil a libertar seus escravos, sendo que em 31 de dezembro de 1884, antecipando-se à proclamação da Lei Áurea (ano de 1888), efetua a abolição da escravidão no território Municipal, conforme Ata da Sessão Extraordinária Comemorativa da Redenção dos Escravos da Cidade e Município de Uruguaiana

Como Uruguaiana é uma cidade encravada entre solos argentino, uruguaio e antigo solo paraguaio, não foi tão fácil estabelecer as fronteiras do Brasil, tampouco manter-se a cidade sobre eterna paz. A cidade foi invadida em 5 de agosto de 1865, a partir da ambição de Francisco Solano Lopes de aumentar o território paraguaio e obter uma saída para o Oceano Atlântico. Era a Guerra do Paraguai, envolvendo tropas brasileiras, argentinas, uruguaias e paraguaias, tornando Uruguaiana eixo e palco da maior batalha campal que a América tem em seus registros.

O desfecho da guerra foi na própria cidade, que só ocorreu em 18 de setembro, culminando com a rendição dos paraguaios, totalizando 44 dias de sitiamento da cidade. Na época a cidade contava com cerca de 2.500 habitantes, após a invasão e rendição dos paraguaios, a cidade encontrou a maioria das residências e demais estabelecimentos destruídos. Aos, poucos, foi se recuperando. 

Em 21 de maio de 1947, foi inaugurada pelos presidentes Eurico Gaspar Dutra, do Brasil, e Juan Domingo Perón, da Argentina, a Ponte Internacional Rodoferroviária Getúlio Vargas/Agustín P. Justo, sobre o rio Uruguai, ligando Uruguaiana à cidade argentina de Paso de los Libres, com ajuda, na parte brasileira, de militares e civis. Na época de sua construção, foi a maior obra de engenharia da América Latina. Hoje a ponte é a porta de entrada e saída para a comercialização de produtos, tornando Uruguaiana o maior porto seco da América Latina e o terceiro maior do mundo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

CAZUZA REVIVE


A PURA ESSÊNCIA DA TRADIÇÃO


Dança das Cadeiras a Cavalo
Retratista: Vânia Cislaghi
 

Mesmo sem nunca ter desaparecido de nossas memórias e corações Cazuza Ferreira reassume seu papel de vertente tradicionalista.

Cazuza Ferreira é um distrito de São Francisco de Paula, lá, quase na divisa com São Marcos e Caxias. Ventre de casarios antigos, Cazuza é um dos poucos lugares do Rio Grande do Sul que ainda mantém o folclore das Cavalhadas, uma peça teatral a céu aberto retratando os eternos embates entre Mouros e Cristãos na idade média. 

Cazuza Ferreira também é conhecida pela autenticidade de seus moradores, no jeito de vestir, no modo de falar, no cultivo mais puros dos costumes rio-grandenses. Terra de grandes laçadores, campeões da Vacaria nos tempos em que se atirava uma armada com laços de verdade, Cazuza Ferreira retorna a este cenário terrunho com a realização de sua XXIV Festa Campeira e a reinauguração do CTG Adão Castilhos, um monumento plantado nos confins da serra gaúcha.

O baile foi alto do chão, com animação do Grupo Floreio e as atividades campeiras foram a moda antiga com provas de chasques, dança das cadeiras a cavalo e corrida do couro, provas divertidas mas esquecidas em nossos rodeios aonde só se vê tiro de laço e... tiro de laço.   

Foram responsáveis diretos por este retorno às origens Zeca Castilhos (filho do Patrono Adão Castilhos) e demais familiares além do Piquete Presilha de São Francisco de Paula. 


Corrida do couro
Retratista: Vânia Cislaghi


terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

DOMADOR É HOMENAGEADO

 

Domador Romário Ferreira e o Governador Eduardo Leite

Na tarde desta segunda-feira, 21, o domador Romário Ferreira recebeu das mãos do governador do Estado Eduardo Leite a Medalha do Centenário do Palácio Piratini. Tal homenagem é um reconhecimento a sua conquista como campeão da categoria clina limpa no 56º Festival de Doma y Folklore de Jesús María. em Córdoba, Argentina. Tal comenda foi uma proposição da vereadora de Bagé Faustina Campos e do Adido Cultural César Oliveira.   


Amigos se fizeram presentes na solenidade





UM MUNDO EM EXTINÇÃO

 


 

Sempre gostei de bugios,

do compasso e do primata.

Nasci no meio da mata,

ronco igual, me banho em rios.

Ontem um bando me viu

e veio comer na mão.

Nos tratamos como irmãos

sem brigas, sem ameaças,

e pensar que nossas raças

estão quase em extinção.


REPONTANDO DATAS / 22 DE FEVEREIRO

 

Num dia 22 de fevereiro, do ano de 1845, David Canabarro promove uma reunião do Conselho dos Generais Farroupilhas, em Ponche Verde, Dom Pedrito, para tratar do prosseguimento ou não da Guerra dos Farrapos quando se resolve pelo fim da contenda.

Também num dia 22 de fevereiro, do ano de 1904nascia em Quarai o grande Poeta Juca Ruivo e neste dia, no ano de 1983, morria, em Porto Alegre, o também poeta Pery de Castro, fundador e Presidente da Estância da Poesia Crioula.

Outro poeta falecido neste dia e mês, no ano de 1959, foi Aureliano de Figueiredo Pinto, indiscutivelmente, um dos maiores vates nativistas de nossa terra, de todos os tempos.

Aureliano de Figueiredo Pinto

Com seu vigoroso regionalismo, o nosso idioma, longe de empobrecer-se, adquiriu novas e cintilantes riquezas. Seus poemas, nascidos das vivências campeiras, com invernos, tropeadas, rondas, noites longas, chimarrão, e outros temas rudes e belos. São sempre, impregnados de comovente humanismo e iluminados pelo sol de sua fulgurante cultura.

A poesia de Aureliano Figueiredo Pinto, profundamente ligada a terra, tem uma extraordinária densidade humana, assumindo sua temática, em muitos passos, o sentido de um canto geral que transcende o mero regionalismo. Poucos livros refletem com mais autenticidade o homem e a paisagem do Rio Grande do que estes “Romances de Estância e Querência”.

Aureliano de Figueiredo Pinto nasceu em 1º de agosto de 1898, na fazenda São Domingos, município de Tupanciretã, filho de Domingos José Pinto e de Marfisa Figueiredo Pinto. Exerceu o ofício de médico, mas por essência foi poeta e escritor.

O processo de alfabetização inicia-se em 1904 quando recebeu aulas de sua mãe, quatro anos depois no colégio Santa Maria em Santa Maria, seguiu seus estudos, de onde enviou a sua mãe seus primeiros poemas. Aureliano inicia ali seu martírio, sua ressurreição e sua glória: escrever.

Aos 17 anos, nasceu uma grande amizade com Antero Marques. Antero seria, pela vida afora companheiro, crítico e confidente a dividir aulas, pensões, ruas, e uma infinidade de cartas. Iniciam as discussões políticas, literárias e filosóficas, que os levariam a participar da Revolução de 30.

Passou a residir em Porto Alegre 3 anos mais tarde, onde prepara o vestibular para Direito, que trocaria mais tarde pela Medicina. Os poemas escritos em meio às anotações escolares antecediam sua estreia com poemas publicados no jornal Correio do Povo, com pseudônimo e nome próprio e nas revistas Kodak e A Máscara, um ano mais tarde. Amigos passam a classificar seus poemas entre as correntes simbolista e parnasiana. Entre as anotações de aula, Aureliano escreve o poema Gaudério, que marcaria sua vinculação com o nativismo. Anos depois, Gaudério e Toada de Ronda seriam musicados por João Fischer. Segundo testemunhas de Antero Marques, Raul Bopp, entusiasmado com a produção do poeta diria que “Bilac assinaria estes versos” O poema Toada de Ronda é considerado o marco inicial da poesia nativista no Rio Grande do Sul.

Em 1924, parte para o Rio de Janeiro estudar Medicina, lá cursa o primeiro e o segundo ano e retorna a Porto Alegre. Lê Paja Brava, do Viejo Pancho, que marcará sua produção artística, e também livros de poetas regionalistas uruguaios e argentinos, que o influencia a escrever poemas em espanhol. Em 1926, volta aos estudos de Medicina no Rio de Janeiro, mas no mesmo ano retorna a Porto Alegre. Somente em 1931, conclui o curso de Medicina, e logo abre seu consultório em Santiago. Abre o coração aos campos e aos tipos humanos que o povoam. A partir dali o trabalho de médico rouba-lhe o tempo de leitura e criação. Passa a fazer viagens ao interior do município, atendendo a chamados médicos e fica com os peões tomando mate e ouvindo causos.

Três anos mais tarde por falta de dinheiro dos clientes para compra de remédio, suas práticas médicas são interrompidas. Aureliano cria um código que é colocado nas receitas, para que fossem debitadas para alguns de seus amigos. Nessa época, seus poemas são datilografados por Túlio Piva, para quem produz textos para serem lidos na rádio local.

Em 1937, já com quase 40 anos, passa a dirigir o Posto de Higiene de Santiago. Anos mais tarde, seria o fundador do Hospital de Caridade. Casa com Zilah Lopes, em 29 de dezembro de 1938 com que tem 3 filhos.

Em 1941, troca Santiago por Porto Alegre, assume a subchefia da Casa Civil do interventor Cordeiro de Farias. Fica poucos meses no cargo e retorna a Santiago.

Em 1956 inicia a reunir e selecionar seus poemas, espalhados entre amigos, para publicá-los em livros. Seu filho José Antônio vai à Editora Globo e ali espera até ter em mãos dez volumes de Romances de Estância e Querência – Marcas do Tempo o primeiro livro publicado de Aureliano de Figueiredo Pinto. Aureliano vem a falecer em 22 de fevereiro de 1959 com câncer.

Em 1963, é publicado “Ad Sodalibus” pela Livraria Sulina, seu segundo livro de poesias Romances de Estância e Querência – Armorial de Estância e Outros Poemas. Em 1974, é publicada pela Editora Movimento, a novela Memórias do Coronel Falcão. Em 1975, Noel Guarany recebe autorização dos familiares do poeta para musicar Bisneto de Farroupilha e Canto do Guri Campeiro.



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

ESTAMOS NAS MÃOS DE LOUCOS

 

Aproximadamente 8 milhões de seres humanos do mundo todo dependem da sanidade mental de meia dúzia de governantes. Esta é a realidade que nos traz todos os noticiosos em virtude da crise diplomática na Ucrânia e da invasão de soldados russos em parte de seu território.

E nós aqui preocupados com coisas miúdas, com picuinhas, com disque-me-disque, com guerra de vaidades quando uma guerra bélica está prestes a eclodir. 

Falando em guerra uma das melhores frases sobre o tema é atribuída ao físico alemão Albert Einstein ao receber o seguinte questionamento: 

- Como será a terceira guerra mundial?

No que o gênio que desenvolveu a teoria da relatividade respondeu:

- Não sei como será a terceira guerra mundial mas sei como será a quarta. Com pedras e paus. 



    

SANTIAGO LANÇA NOVO LIVRO

 

Uma tipo de arte que sempre me atraiu foi o Cartun. Cheguei a editar um livro de cartuns em 1993 e, quando em vez, publico algo aqui neste espaço. Contudo, nunca me dediquei profissionalmente. O cartunista até não precisa ser um grande desenhista, mas tem que sobrar criatividade. No Rio Grande do Sul temos diversos bons cartunistas e cito alguns como o saudoso Sam'Paulo, o Ioti e o Santiago, que agora lança uma retrospectiva de seus trabalhos. 

Neltair Abreu, o Santiago, é um dos mais premiados cartunistas gaúchos e lança um livro com o melhor de sua produção nos últimos 30 anos incluindo 16 cartuns que foram agraciados em festivais nacionais e internacionais, além de obras inéditas. 

A editora é a Libretos e o valor do livro é R$ 45. A sessão de autógrafos está marcada para o dia 10 de março, as 17h30min no espaço Amelie (rua Vieira de Castro, 439, bairro Santana, em Porto Alegre).

O livro Caderno de Desdenhos também pode ser adquirido no site: libretos.com.br, em livrarias ou diretamente com o autor. 







domingo, 20 de fevereiro de 2022

CENTENÁRIO DE UM ÍDOLO

 



Se vivo estivesse, Honeyde Bertussi (foto), na data de hoje estaria completando 99 anos de idade. Nascido em 23 de fevereiro de 1923 em São Jorge da Mulada, Criúva, São Francisco de Paula, Honeyde foi o precursor, juntamente com seu irmão Adelar, da música galponeira. Os bailes de centros de tradições deslancharam a partir dos Irmãos Bertussi. 

Pois no ano que vem comemora-se o centenário deste ícone da musicalidade sulina e diversas atividades estão sendo organizadas para festejar tal data. Tudo que se fizer em honra a este gaiteiro serrano será de real valor e justiça por tudo que ele nos deixou.  

Por enquanto, vamos vivenciar o dia de hoje, olhar para o céu e dizer: - Muito obrigado por tudo, Honeyde Bertussi. 



CAUSO DE GALPÃO


Como hoje é domingo, temos um tempinho a mais para ler antes de preparar o assado, vamos a mais um "causo de galpão" desta feita recolhido pelo saudoso poeta Apparício Silva Rillo em seu livro Rapa de tacho, vol. 1. 


Bier

 

CASINHA NÃO É PRA CASA

Dorival Gonçalves era um velhito de média estatura. Chapéu de aba curta e copa levantada, botas escalavradas pelo serviço de mangueira e. sempre, seja inverno ou verão, um pala de cor parda a lhe baixar dos ombros.

Iniciando sua vida nos primeiros anos do século passado, tropeando mulas para São Paulo e Minas, Dorival Gonçalves chegou à condição de um dos maiores fazendeiros das missões, com extensões de campo que cotejavam, em termos de área, com a fazenda de João Goulart.

Riquíssimo, conservou sempre sua autenticidade de gaúcho. Jamais, que se saiba, vestiu calça corrida. Sua casa, na estância aonde morava, era despida de qualquer luxo. Falecido há alguns anos, deixou uma fazenda para cada filho - todos pessoas de alta expressão na sociedade são-borjense.

Havendo comprado a estância do Manuã, lindeira com seus campos, Dorival Gonçalves foi revisar a nova propriedade. Alambrados em ordem, boas mangueiras, galpões de lei. A casa, de construção nova, mereceu-lhe atenção especial. Revisou peça por peça, verificou a segurança das portas e janelas, agradou-se da cozinha - ampla, com dois fogões, um de ferro e outro de chapa sobre pedras. E, logo, o banheiro. Azulejos até meia parede, banheira, pia e vaso sanitário, água encanada para todos os aparelhos. 

Foi olhar e gritar para o capataz:

- Pega o jipe agora mesmo, vai na cidade e me traz três pedreiros. Tem duas horas para ir e voltar. Toca!

Os que o acompanhavam não fizeram comentários. Dorival Gonçalves não era homem de ser interpelado. 

Chegaram os pedreiros, com picaretas, martelões, picadores de rebocos, baldes e colheres. 

- As ordens, Seu Dorival. O que é que manda?

- Me ponham abaixo a frescurada toda deste tal de banheiro, piquem miudinho este pinicão de louça. Onde já se viu "casinha" dentro de casa, seu! Quem quiser cagar que vá nas bananeiras!


  

                

sábado, 19 de fevereiro de 2022

PARABÉNS, PASSO FUNDO.

 


Admiro por demais as cidades que valorizam seus filhos. Pois o gênio da música mundial e vencedor do Grammy Latino em 2021, o passo-fundense Yamandu Costa serviu de inspiração a criação da Escola Pública de Violão em sua cidade natal. Uma iniciativa que vai apresentar a milhares de crianças o poder transformador da música.

Acompanhe o lançamento on-line da Escola Pública de Violão Yamandu Costa e conheça mais sobre esse projeto! Dia 24 de fevereiro, às 9h, com transmissão pelo Facebook da Prefeitura de Passo Fundo.

Nossos parabéns ao Prefeito Municipal Pedro Almeida, ao Secretário de Educação Adriano Canabarro Teixeira e a Secretária de Cultura Miriê Tedesco, pela lembrança deste artista ilustre como Patrono e pela criação desta importante escola. A cada criança tirada das ruas, a cada novo talento descoberto, o investimento já terá sido compensador.  


GOSTO É GOSTO MAS....


...EU PREFERIA O ANTIGO

A estátua o Laçador já restaurada foi recolocada no seu lugar na entrada de Porto Alegre. Nesta nova "roupagem" o monumento recebeu uma tinta que talvez sirva como proteção ou mesmo para deixá-lo mais parecido com bronze. Temos que entender as nuances das artes mas, para o meu gosto, eu preferia o modelo antigo aonde os detalhes apareciam de uma forma mais nítida. E você, leitor de nosso chasqueiro terrunho, o que achou?  


antes da restauração

após a restauração


Em tempo: Alguns amigos arquitetos leram a matéria e se manifestaram. Me retornaram dizendo que, se for pátina, envelhece bem e se altera agindo no bronze e ganhando a cor certa através do tempo. Contudo, não lhes parece ser pátina pois está muito escuro. Se for tinta, não muda. 

  



 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

UM MARCO DA TRADIÇÃO DE CAXIAS


ESTÁ PRESTES A DESAPARECER 



Segundo matéria do repórter Giovani Grizotti o CTG Rincão da Lealdade, com 68 anos de atividades dentro do tradicionalismo gaúcho e sendo uma das entidades sociais mais importantes de Caxias do Sul, está na iminência de ver a sua histórica sede desaparecer.

Um local que já foi palco de memoráveis bailes, festas, encontros políticos, recepções à autoridades, recebeu um prazo de 15 dias para desocupar o terreno em uma área privilegiada da cidade para dar lugar a ampliação do Hospital Geral da UCS. O processo foi movido pelos advogados do Estado e a probabilidade de reversão da decisão judicial é difícil, visto que já houve prorrogação de prazo.

Integrantes do Centro de Tradições Rincão da Lealdade estão convocando lideranças da comunidade para uma reunião segunda-feira, dia 21, as 19:30h, com a finalidade de discutir o assunto e tentar reverter a situação.

Não bastasse a penúria das nossas entidades tradicionalistas, que se mantém na base do apego de poucos abnegados, o poder público atira a última pá de terra. Cabe ressaltar que, após uma breve parada em função da pandemia, o CTG está em franca atividade com suas invernadas de danças e quadro social.

Não somos contra os benefícios na área da saúde, muito pelo contrário, mas os questionamentos que ficam são os seguintes: Existe a necessidade de que tal extensão do hospital seja neste local? Não haveria outro terreno no município? O interesse para tal desocupação é, realmente, este ou a especulação imobiliária que anda atrelada a interesses políticos não estaria por trás disto tudo?


UM ANO SEM TELMO DE LIMA FREITAS

 

Há um ano atrás morria Telmo de Lima Freitas. Assim nosso blog deu a triste notícia: Faleceu na tarde desta quinta-feira, 18, um ícone da musicalidade rio-grandense da pura cepa crioula. Dom Telmo de Lima Freitas. Segundo informações que nos chegam, foi encontrado sem vida, solito, no sofá da sala por volta das 16 horas. Sexta-feira passada Telmo de Lima Freitas completou 88 anos de idade.

E no dia seguinte fizemos o desenho abaixo retratando o encontro deste missioneiro com o serrano Porca Véia, lá pelo CTG Querência da Eternidade.  

 

Gravura: Léo Ribeiro 



 

ESTÂNCIA DA POESIA CRIOULA


PASSA A SER PRODUTORA CULTURAL 


Um excelente notícia para os integrantes da Estância da Poesia Crioula e para os amantes da arte poética em geral. Quarta-feira, dia 16, a entidade foi inscrita como produtora cultural no sistema Pró Cultura da Secretaria de Cultura do RS.

Num esforço do Presidente Maxsoel Bastos de Freitas a EPC passará a ser produtora de seus próprios eventos. No momento já existem alguns editais abertos em que a Estância poderá inscrever-se. "Vamos, pela primeira vez, em 65 anos de existência, tentar subsidiar a nossa antologia", informou o Presidente.

Antes da pandemia as entidades literárias já vinham peleando somente com o cabo da faca pela sua sobrevivência. Mesmo nadando de poncho nossa querida "Academia Xucra do Rio Grande" atravessou tal correnteza. Esta possibilidade de buscar verbas públicas para a cultura é uma tábua de salvação. 



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

FOI O JABOR OU NÃO FOI O JABOR...

 

...QUEM ESCREVEU ESTE TEXTO SOBRE OS GAÚCHOS? 



Na madrugada desta terça-feira, dia 15, o Brasil perdeu o cineasta e jornalista Arnaldo Jabor, 81 anos, em decorrência de um acidente vascular cerebral. O carioca estava internado desde o dia 17 de dezembro no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. 

Jabor, além de excelente diretor de cinema, era um cronista destacado, dono de um texto de teor crítico e irônico que o levou a diversos jornais escritos e televisivos.   

Por muito tempo circulou entre nós, gaúchos, uma crônica que se dizia de sua autoria e que falava do modo de ser do povo rio-grandense. Nunca se soube ao certo se tal redação trazia, realmente, a sua assinatura.

De toda a forma, o texto é belo e motivador e o reproduzimos abaixo acreditando que tal perspicácia tenha brotado do olho clínico de Arnaldo Jabor.  

"Os Gaúchos - Arnaldo Jabor

O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família. A gente gosta, mas estranha. O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil. Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se esfolavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o Estado ficou com um jeito diferente de ser.

     Começa que diverge no clima: um Brasil onde faz frio e venta, com pinheiros em vez de coqueiros, é tão fora do padrão quanto um Canadá que fosse à praia. Depois, tem a mania de tocar sanfona, que lá no RS chamam de gaita, e de tomar mate em vez de café. Mas o mais original de tudo é a personalidade forte do gaúcho. A gente rigorosa do sul não sabe nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral, como cariocas e baianos. Em lugar do calorzinho da praia, o gaúcho tem o vazio e o silêncio do pampa, que precisou ser conquistado à unha dos espanhóis.

     Há quem interprete que foi o desamparo diante desses abismos horizontais de espaço que gerou, como reação, o famoso temperamento belicoso dos sulinos.

     É uma teoria - mas conta com o precioso aval de um certo Analista de Bagé, personagem de Luis Fernando Veríssimo que recebia seus pacientes de bombacha e esporas, berrando: "Mas que frescura é essa de neurose, tchê?"

     Todo gaúcho ama sua terra acima de tudo e está sempre a postos para defendê- la. Mesmo que tenha de pagar o preço em sangue e luta.

     Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo). E, antes de trocar os dentes de leite, já é especialista em dar tiros de laço. Ou seja, saber laçar novilhos à moda gaúcha, que é diferente da jeito americano, porque laço é de couro trançado em vez de corda, e o tamanho da laçada, ou armada, é bem maior, com oito metros de diâmetro, em vez de dois ou três.

     Mas por baixo do poncho bate um coração capaz de se emocionar até as lágrimas em uma reunião de um Centro de Tradições Gaúchas, o CTG, criados para preservar os usos e costumes locais. Neles, os durões se derretem: cantam, dançam e até declamam versinhos em honra da garrucha, da erva-mate e outros gauchismos. Um dos poemas prediletos é "Chimarrão", do tradicionalista Glauco Saraiva, que tem estrofes como: "E a cuia, seio moreno/que passa de mão em mão/traduz no meu chimarrão/a velha hospitalidade da gente do meu rincão." (bem, tirando o machismo do seio moreno, passando de mão em mão, até que é bonito).

    Esse regionalismo exacerbado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentir superiores ao resto do País.

     Não é verdade - mas poderia ser, a julgar por alguns dados e estatísticas.

     O Rio Grande do Sul é possuidor do melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, de acordo com a ONU, do menor índice de analfabetismo do País, segundo o IBGE e o da população mais longeva da América Latina, (tendo Veranópolis a terceira cidade do mundo em longevidade), segundo a Organização Mundial da Saúde. E ainda tem as mulheres mais bonitas do País, segundo a Agência Ford Models. (eu já sabia!!! rss) Além do gaúcho, chamado de machista", qual outro povo que valoriza a mulher a ponto de chamá-la de prenda (que quer dizer algo de muito valor)?

     Macanudo, tchê. Ou, como se diz em outra praças: "legal às pampas", uma expressão que, por sinal, veio de lá.

     Aos meus amigos gaúchos e não gaúchos, um forte abraço! "    


Em tempo: lamentamos informar mas o próprio jornalista negou ser o autor do citado texto.     



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022



 

ENTRE A IMAGEM E O POEMA



Carreta, carro de bois 
de sentido universal,
no pampa meridional 
tem épica relevância,
foi ela que, na distância, 
da planura abarbarada,
abriu a primeira estrada
ligando à cidade à estância. 

Carreta de duas juntas
de três, de quatro, ou de mais,
nos descampados natais
o seu vulto impressionante,
mesmo que um rancho ambulante,
rasgando sulcos no pasto,
levou Progresso de arrasto
até os rincões mais distantes.

E o Juca Ruivo nos canta:
- Carreta! És igual a mim
que também já chego ao fim,
gaudério, sempre a cruzar.
Alma velha em corpo gasto
da vida pelos rincões
vou cruzando sem um rastro
carregado de ilusões.

Jayme Caetano Braun / Juca Ruivo
  
 

 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

REPONTANDO DATAS / 15 DE FEVEREIRO

 

Num dia 15 de fevereiro, no ano de 1894 Nasce no Alegrete Oswaldo Euclides de Souza Aranha estadista e diplomata, braço direito de Getúlio Vargas. Sob sua presidência na ONU o Estado de Israel foi criado.


 
Também num dia 15 de fevereiro, do ano de 1933, nascia em São Jorge da Mulada, na localidade de Criúva, à época interior do município de São Francisco de Paula, hoje distrito de Caxias do Sul, o acordeonista, cantor e compositor Adelar Bertussi.

 
No dia 15 de fevereiro, do ano de 1974, morria em decorrência de um acidente de trânsito o cantor e compositor José Mendes, o popular “Para Pedro”.  Ele gravou oito discos, sendo o de maior sucesso o compacto simples lançado em 1967, no qual estavam registradas as músicas "Pára Pedro" e "Mensagem de Saudade". 

ABERTO O ANO MAÇÔNICO GAUDÉRIO

 

alguns integrantes do Piquete Fraternidade Gaúcha 
e da Loja Gaúchos Templários 

Ontem a noite, dia 14, em Sessão a Campo realizada nas dependências da Loja Affonso Emílio Massot, de Capão da Canoa, teve início os trabalhos de 2022 do Piquete Fraternidade Gaúcha, braço tradicionalista da Maçonaria do Grande Oriente do Rio Grande do Sul, em parceria com a única Loja Temática do Brasil, ou seja, a Gaúchos Templários, que tem por viés justamente o resgate e a preservação da cultura regional gaúcha. 

A Sessão foi conduzida com a maestria costumeira de Maxsoel Bastos de Freitas, Patrão do Grupo Tradicionalista e Venerável da Loja. 

Sob uma abóboda natural de estrelas e uma linda lua cheia, tomando todos os cuidados necessários após dois anos de idas e vindas em função da pandemia, optou-se por realizar tal reunião na forma de Sessão a Campo, revivendo os maçons Farrapos e Imperiais que, em meio aos entreveros dos combates e aproveitando-se da logística que dispunham, não deixavam de cultuar a Arte Real. Desta forma, naqueles tempos, diversos homens foram iniciados e algumas Lojas criadas.

Gracias pela hospitalidade, Irmãos da Affonso Emilio Massot, e Parabéns aos integrantes do Fraternidade Gaúcha e da Gaúchos Templários pela belíssima Sessão.  O ano promete. 

  
        


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

AUTENTICIDADE PURA

 

companheirada contendeira que há tempos eu não via
Retratista: Artur Marineu Dutra


Como eu havia prometido, neste domingo (13) soltei as rédeas do pingo para os rumos do chão aonde nasci, ou seja, a legendária Contendas. Me fui a terra nativa com o intuito de rever velhos amigos e apreciar o rodeio aonde o primeiro prêmio era um leitão.  

Eu garanto que este dia em minha vida valeu por 20 sessões de terapia. Matei saudades, dei boas risadas, senti a espiritualidade dos ancestrais e ouvi cada causo que dava para escrever um livro. 

Nosso anfitrião na cancha, o Antenor Teixeira Fagundes, de camisa vermelha, me contou uma passagem que resume bem o espírito deste povo (e o meu fraterno amigo Assis Santana, segundo da esquerda para a direita, atestou a veracidade do relato).  

Segundo o Antenor, o Hermínio Dutra (de óculos na foto), contendeiro da gema, quando era delegado regional em Caxias do Sul, recebeu um indivíduo que dormiu no xilindró por que andou dando uns tiros no cabaré desta cidade serrana. O preso disse que precisava falar com o delegado pois eram conterrâneos, ou seja, o recluso se dizia crioulo das Contendas.   

O Hermínio Dutra ouviu atentamente o briguento e suas justificativas para estar naquela situação. 

-  Doutor Hermínio. Me pularam de uns quatro ou cinco na zona. Para me defender puxei do meu 22 e cuspi fogo nos jaguaras...

O delegado, com a calma que lhe é peculiar respondeu: 

- Pois tu vai continuar preso. Um homem das Contendas não anda com um 22 na cintura. Se fosse um 38 eu te soltava agora mesmo. 


O causo acima até pode ter um pouco de floreio, de folclore. O que não tem ficção e se nota autenticidade pura é na hospitalidade do casal Hermínio e Dalva Dutra. Mil gracias pela acolhida, meus amigos.