Hoje é domingo, dia de causos do saudoso poeta Apparício Silva Rillo. O propósito é desopilarmos um pouco desta vida velha que anda nos judiando.
O Seu.... (não vamos
nominar o cidadão pois é de tradicional família são-borjense) era
frequentador assíduo das rodas de truco e solo do Clube Comercial. Tinha e
mantinha uma percanta em casinha de madeira que lhe alugara num arrabalde da
cidade. Levava a risca o antigo ditado que rezava: "para gato velho,
camundongo novo". No caso, uma
camundonga, ali pelos entrementes dos 16 e 18 anos. E lindaça, tal percanta!
Nosso herói sabia -
ressentido mas conformado nos seus 70 anos - que sua teúda e manteúda recebia
fora dos seus horários (dele) os inevitáveis chupins de ninho alheio. Mas, à
noite, por volta das dez horas (horário que deveria estar no Clube), chegava
com tranquilidade para seus momentos de exclusividade amorosa.
Anunciou de véspera,
certa feita, que não apareceria na noite seguinte. Teria visitas importantes em
casa. Mas que ela não se bobiasse...
Falharam as visitas e antes um pouco das dez horas nosso coronel dos confrontos de cama - sob
desculpas de apanhar cigarros no Clube - rumbeou pelas ruas mal-iluminadas que
levavam a seu ninho. Precavidamente, no mol da barriga, o seu "38"
engasgado com seis balas. Chegou, bateu à janela e chamou:
- Marica! Oi, Marica!
Abre a porta, pitanguinha!
Para sua surpresa
respondeu-lhe uma voz grave de macho:
- Te manda rolar porque
tem home em casa!
- Que home nem meio
home! Sai pela janela e te manda às macegas que vou dar um ensino nesta
pitanguinha de merda!
- Não te fresqueia
velhote! Quem é tu para te meter com o Sargento Barata!?
O coronel recuou dois
passos da janela, engatilhou o berro e falou dentre dentes, ferido em seu
machismo:
- Barata, é? Pois então
te acoca que lá vai a inseticida.
Seis balaços arrancaram
lascas da janela.