RETRATO DA SEMANA

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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

HÁ SESSENTA ANOS

  

O PIRATINI VIROU TRINCHEIRA



A Campanha da Legalidade (também conhecida como Legalidade) foi uma mobilização civil e militar ocorrida em 1961 para garantir a posse de João Goulart como Presidente do Brasil, derrubando o veto dos ministros das Forças Armadas à sucessão legal do presidente Jânio Quadros, que tinha renunciado, ao então vice-presidente Goulart. Foi liderada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, aliado ao comandante do III Exército, general José Machado Lopes.

Em 25 de agosto de 1961, enquanto Goulart liderava uma missão comercial brasileira na República Popular da China, o presidente Jânio renunciou. A decisão até hoje não é compreendida, mas provavelmente foi manobra política para retornar com poderes aumentados, superando o impasse político que tinha com o Congresso. O esperado era que com a rejeição a seu vice — eleito por uma chapa diferente, por peculiaridade do sistema político da época — os militares que já tinham rejeição a Goulart, reverteriam a renúncia. Entretanto a manobra falhou e Jânio saiu do país. Em seu lugar assumiu interinamente o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, mas o poder real ficou nas mãos dos ministros militares que romperam a ordem jurídica e vetaram a posse do vice-presidente, pretendendo que se convocassem novas eleições.

Os ministros não tinham respaldo suficiente na sociedade e nas Forças Armadas, encontrando oposição em manifestações, greves e posições de figuras políticas e organizações. O governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola mobilizou a população, a Brigada Militar e as emissoras de rádio, constituindo a "Cadeia da Legalidade". O III Exército, sediado em Porto Alegre, além da V Zona Aérea, eram subordinados aos comandos do Exército e Força Aérea Brasileira e chegaram a uma iminência de confronto com o governo estadual, mas em 28 de agosto o general Machado Lopes rompeu com seus superiores e passou a poderosa força terrestre no sul do país para o lado legalista.

 Os militares estavam divididos, e a moral para uma invasão contra o sul era limitada. A crise assim levou o país à beira da guerra civil, mas foi solucionada antes de qualquer confronto.

A saída conciliatória encontrada foi o parlamentarismo, que permitiria a posse de Goulart, mas com poderes limitados. Chegando ao Brasil por Porto Alegre em 1º de setembro, Goulart teve como último obstáculo o plano de oficiais inconformados de abater seu avião quando seguisse a Brasília, a Operação Mosquito, mas conseguiu tomar posse em 7 de setembro, concluindo o objetivo da Campanha e o fracasso do veto dos ministros militares. O parlamentarismo foi revertido em 1963.