PODE VIRAR PATRIMÔNIO DA UNESCO
Segundo notícias
recentes, 19 construções militares do período colonial, de Norte a Sul, e que
ajudam a explicar a formação do território nacional, podem virar patrimônio da Unesco,
organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
O complexo de fortes
foi incluído pelo Iphan na Lista Indicativa a Patrimônio Mundial — uma etapa
anterior à candidatura à lista da Unesco — em 2015, e desde então vem sendo
trabalhado para se adequar às exigências do órgão internacional, que vão do
estado de conservação aos planos de gestão e de uso, como o turístico.
Dentre o Conjunto de
Fortificações selecionadas está o Forte de São Marcelo, popularmente chamado como
Forte do Mar, devido a sua localização na Baia de Todos-os-Santos e serviu como
um dos mais importantes pontos de proteção do porto. Foi originalmente
conhecido por Fortaleza de Nossa Senhora do Pópulo. Construído com cantaria de
arenito, até a linha de água, e o restante de pedra irregular, com 15 metros de
altura, distando do atual cais cerca de 300 metros.
O local serviu como
prisão de personagens históricos, como o líder da Revolta dos Alfaiates,
Cipriano Barata, e o general farroupilha Bento Gonçalves.
Após derrota dos
Republicanos no Combate da Ilha do Fanfa o comandante farrapo foi levado ao Rio
de Janeiro de onde tentou evadir-se. Por esse motivo foi transferido para
Salvador, aonde chegou no dia 26 de agosto de 1838.
Por pertencer a Ordem
Maçônica, no sentido de ajudá-lo em tudo que fosse possível, várias foram as
visitas realizadas pelos obreiros da loja Fidelidade e Beneficência que estavam à
frente dessa empreitada. Inclusive o comandante do Forte do Mar, capitão Manoel
Vieira Machado, maçom pertencente a esta Oficina.
Na semana anterior a
fuga, Bento Gonçalves já havia recebido licença para tomar banho de mar próximo à rampa de acesso junto ao forte, por
lá existir um banco de areia onde, nos horários de maré baixa, a profundidade é
pequena. No dia combinado, 10 de setembro, uma canoa com oito tripulantes
vestindo camisa azul, simularia pescar na
redondeza. Por volta
das 10 horas Bento Gonçalves nadava junto ao forte,
vigiado apenas por um sentinela, quando foi resgatado, de onde seguiu para a
Ponta do Manguinho, na Ilha de Itaparica, sendo ele recebido pelo capitão
Manoel Joaquim Tupinambá, juiz de paz da Vila de Itaparica, que o acoitou em
sua propriedade rural. Não houve uma pronta reação por parte da fortaleza, pois
demoraram a pedir socorro.
Após uma semana, no dia
18 de setembro, o presidente da província escreve ao ministro da justiça,
dizendo não ter conseguido capturar o prisioneiro evadido e dá por encerradas
as diligências a respeito. Cessadas as buscas, no início de outubro Bento
Gonçalves foi trazido novamente para Salvador, sendo recebido pelo
tenente-coronel Francisco José da Rocha.
Com a finalidade de
dissimular seu retorno fizeram o governo acreditar que ele embarcaria em um
navio para a América do Norte. Na verdade ele embarcou na Samuca Estrela do
Sul, uma embarcação do maçom Antônio Gonçalves Pereira Duarte, que havia
chegado com charque do Sul e retornava com farinha para Montevidéu.
Na cidade de Desterro
(hoje Florianópolis) Bento Gonçalves desembarcou e veio, a cavalo, em direção a
Viamão, onde se reuniu à força republicana que sitiava Porto Alegre, ali
chegando no dia 10 de novembro.
Obs: Junto as informações sobre as fortificações que podem virar patrimônio da Unesco, a parte histórica desta matéria foi colhida do livro Os Farrapos e a Maçonaria, de Léo Ribeiro de Souza, que encontra-se me vias de editoração.