Uma coisa é cantar
acompanhado por um bom grupo musical, outra, é cantar solito, a capela.
Traduzindo: Comandar um Centro de Tradições Gaúchas com a guaiaca estufada é
fácil. O brabo é ser Patrão em meio a crise.
Os associados tornam-se
inadimplentes pois tem suas prioridades; os bailes e jantas viram lembranças em
face da proibição de aglomerações; os patrocinadores somem; as invernadas evaporam; o
galpão fica entregue ao abandono.
Somente o que não
desaparece são as despesas e gente para criticar.
Então, não dá para
esperar que as dádivas venham do céu, ou do Movimento Tradicionalista Gaúcho pois
este também sobrevive dos recursos de seus filiados. Também não serve usar como subterfúgio o pensamento de que "com a pandemia não preciso fazer nada".
Aliás, falando em M.T.G.,
esta entidade acabou provando de seu próprio veneno. Sempre escrevi que, a cada congresso, convenção, encontro de patrões, conselheiros e coordenadores, os
participantes acabavam criando dezenas de leis, decretos, estatutos,
regulamentos, regimentos, que engessaram o "Movimento". Se ficassem
somente na Carta de Princípios já seria uma belíssima organização. Forjaram tantas diretrizes
que ignoraram a conhecida Hierarquia das Leis, aonde uma norma interna jamais
poderá ir contra o transcrito num código civil, por exemplo. Soma-se a isto o
pensamento de alguns integrantes que acham que o tradicionalismo, do modo que
é, começou com eles e não com Paixão Côrtes e o Grupo dos Oito. O resultado de
tudo isto é que, hoje, a lâmpada quebrou-se e jamais vão juntar os cacos.
Mas voltemos aos Centros
de Tradições.
Para ser Patrão em tempos
de crise, embora ajude muito, não basta ser apenas criativo. Uma andorinha não
faz verão. Precisa do apoio da patronagem e do retorno de antigos
colaboradores. Tem muito CTG, peleando, tentando sobreviver, vendendo marmitas,
cachorro-quente e fazendo mil peripécias para pagar a luz, a água, os reparos
necessários da sede. Muitos, ainda, encontram espaço para ajudar sua
coletividade ao arrecadar alimentos, roupas, ou emprestar o galpão gratuitamente para
fins sociais, isto tudo, sim, é louvável.
Em suma, o que o dirigente precisa nesta hora é de apoio em torno do mesmo objetivo qual seja o de atravessar a crise. É fácil para um ex-patrão aparecer num baile para receber homenagem, o difícil é marcar presença na hora da fumaça. Também não adianta os associados irem para as redes sociais apontar o dedo, cobrar atividades culturais e festivas se existem determinações oficiais não permitindo que tais acontecimentos ocorram. Muitos pensam, erradamente, que a sua verdade é a única e que o "eu" disse, "eu" falei, "eu" avisei os coloca em evidência, em um patamar superior. Ledo engano. Estão se desgastando. Poderiam somar e estão dividindo esquecendo-se que um dia poderão ser Patrões novamente e aí vão varrer o terreiro com vento de frente. Até porque muitos dos que criticam não deixaram bons recuerdos quando de seu tempo.
Posso estar errado e respeito opiniões contrárias mas penso que o segredo para enfrentar a quebradeira ocasionada pela pandemia tem um nome: chama-se UNIÃO.