Num dia 09 de abril, do ano de 1795 morria o caudilho
RAFAEL PINTO BANDEIRA
Rafael Pinto Bandeira foi
um militar português do século XVIII que Comandou inúmeras batalhas em defesa
das possessões portuguesas no Rio Grande do Sul, à época Capitania do Rio
Grande de São Pedro.
Filho de Francisco
Pinto Bandeira e de Clara Maria de Oliveira, incorporou-se em 1754, junto com
seu pai ao Corpo de Dragões do Rio Pardo e seguiu para Rio Pardo.
Observa Carlos Reverbel
que alguns gaúchos relutam em aceitar o fato de que o Rio Grande do Sul é berço
de caudilhos, mas eles existiram e em grande número. Rafael Pinto Bandeira foi
certamente o primeiro, pelo menos o primeiro com registro histórico.
A seu favor, diga-se
que, ao contrário de caudilhos que vieram depois, o meio em que Pinto Bandeira
viveu não lhe dava alternativa. Pinheiro Machado e Júlio Prates de Castilhos,
por exemplo, poderiam ter exercido seu poder de forma democrática, pois atuavam
no seio de instituições de certa forma consolidadas.
Já Pinto Bandeira viveu
numa época em que o atual território do Rio Grande do Sul ainda era alvo de
acirrada disputa entre portugueses e espanhóis, que travaram sucessivas guerras
pela posse do território.
Todas elas terminavam
em tréguas ou tratados de paz em que se tentavam fixar as fronteiras sul
americanas dos impérios espanhol e português, mas nada do estipulado valia na
prática. As hostilidades eram constantes pela própria dificuldade de
determinar, na falta de marcos confiáveis, onde começavam os domínios de um e
outro, bem assim pelo fato de o contrabando ser a principal, senão a única
atividade econômica importante no período.
Portanto, para comandar
os primeiros habitantes das terras gaúchas era necessário um caudilho e Pinto
Bandeira preenchia perfeitamente esse perfil. Valente, grande estrategista, era
uma lenda para seus comandados, que lhe atribuíam várias qualidades
excepcionais, como uma memória prodigiosa que lhe permitia conhecer em detalhe
cada palmo do território e um senso de orientação que o fazia capaz de se
orientar na noite mais escura apenas pelos cheiros e ruídos da natureza. Era
também simpático a seus comandados pela generosidade com que os recompensava
com terras e dinheiro. Alguns deles vieram a se tornar grandes estancieiros.
Campanhas militares
Rafael Pinto Bandeira
esteve ininterruptamente envolvido em campanhas militares desde 1754, com 14
anos incompletos, até 1777, quando Portugal e Espanha assinaram o Tratado de
Santo Ildefonso, que deu certa estabilidade às fronteiras meridionais do Brasil,
pois foi seguido de demarcação demorada e detalhada dos limites de cada
império.
Nessas campanhas,
cavalgou e lutou por todo o território gaúcho, da tomada do forte de São
Martinho, na região dos Sete Povos das Missões, ao norte do hoje Estado do Rio
Grande do Sul, próximo da fronteira com a Argentina, mais precisamente com a
Província de Corrientes, passando por Rio Pardo, na retirada sob constante
perseguição inimiga. e culminando no cerco ao forte de Santa Tecla, em Bagé, no
extremo sul do Rio Grande, junto à fronteira uruguaia.
Não era, no entanto,
homem rude, pois cultivava gostos refinados. Chegou a ter uma orquestra
particular, que tocava durante suas refeições. Alimentava, ainda, o sonho de
transformar o Rio Grande numa terra realmente civilizada, construindo cidades e
trazendo da Europa os requintes da civilização. Este lado utópico de Pinto
Bandeira pode ser apreciado por quem lê O Continente, primeira parte da
trilogia O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo.
Assume a governança
militar da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul em 1784, e em 1786
obteve uma grande área de terra junto ao centro da cidade de Porto Alegre, que
seria mais tarde conhecida como a Chácara da Brigadeira. De 1788 a 1790 esteve
na Corte em Lisboa, à convite da Rainha Dona Maria I. Ao retornar ao Rio
Grande, reassumiu a governança militar.
Mas os anos em Portugal
e o cargo público fizeram dele um homem sedentário e prejudicaram sua saúde.
Tornou-se obeso, a ponto de somente poder montar a cavalo com a ajuda de outra
pessoa. Morreu justamente em um acidente ao cavalgar.
Seus restos mortais
estão depositados na Catedral de São Pedro, em Rio Grande, numa tosca urna de
madeira.