RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

domingo, 14 de março de 2021

UM ANO APÓS

 

 AINDA NA ENCRUZILHADA


Desenho feito em março de 2020, quando de início do Covid 19
Arte: Léo Ribeiro


Esta semana completou um ano da primeira morte por Corona Vírus no Rio Grande do Sul. Naquele março de 2020 tudo era uma incógnita. Muitos não acreditavam na epidemia, outros tantos já recomendavam certos cuidados como não tossir ou espirrar na frente de outras pessoas, lavar as mãos, usar máscaras, evitar aglomerações e, de preferência, ficar em casa. A doença era novidade e parecia que, logo na primeira curva da estrada, a coisa se resolveria como que por encanto.

O mundo nos dava uma grande oportunidade de reflexão mas não entendemos as mensagens subliminares, ou seja, a chance de um renascimento, de uma nova relação das pessoas entre si e de um equilíbrio com a natureza.   

Quando a situação recrudesceu um debate se forjou em nosso meio. Salvar vidas ou salvar a economia? Total, diziam os defensores desta tese, a fome pode matar mais que o próprio vírus. Realmente, neste período milhares de pessoas perderam os seus empregos ou viram suas empresas irem a falência.  

E o que mudou neste ano que passou aonde imaginamos que a virada do calendário nos traria a cura? A vacina, que só Deus sabe o quanto será eficiente (e suficiente).  

De resto, só piorou. No mundo inteiro ninguém se entende. Cada governante toma uma decisão que, de momento, parece ser a correta mas, logo ali na frente, já muda de posição.

Aqui no Brasil, como não poderia deixar de ser, politizaram a doença. Uns defendem que o tratamento precoce seria a solução. Por ironia, no dia de ontem, um deputado matogrossense que mandou um projeto para a assembleia de seu Estado contra a obrigatoriedade da vacinação, morreu de Covid. Outros, se abraçam na ciência. Todos peleiam por suas razões enquanto o número de mortos batem verdadeiros recordes. Também no dia de ontem (13), aqui no Rio Grande do Sul morreram mais de trezentas pessoas. As redes de televisão se posicionaram, as fakes (mentiras) campearam soltas e as brigas de amigos nas redes sociais deram o tom de cada dia. 

Na verdade todos estão perdidos. Presidente, governadores, prefeitos, STF, congresso, médicos de facebook, e só quem lucrou com esta doença foram os corruptos que desviaram dinheiro da saúde. Ninguém sabe a solução. Nem eu. 

Milhares acreditavam que o mundo sairia mais humano desta empreitada. Ledo engano. Ao passo que a pandemia vai criando seus tentáculos ceifando vidas de amigos e familiares, milhares de irresponsáveis se reúnem em festas clandestinas e o que se percebe, um ano após, é aquilo que se previa em março de 2020, que era o colapso do sistema de saúde. Hoje, mais de 90% dos leitos são para enfermos da Covid19, ou seja, quem precisar de algum outro tipo de atendimento, que morra em casa, como vem acontecendo.

Falando em saúde, para estes heróis da linha de frente eu bati palmas na sexta-feira e tiro o meu chapéu todos os dias.

E para as pessoas que não enxergam as lições do universo eu puxo meu sombreiro nos olhos para não vê-los na minha frente. 

 

Léo Ribeiro