A classe artística como
um todo talvez tenha sido a mais prejudicada com esta estagnação em virtude da
pandemia. Em face das aglomerações foram os primeiros a parar e serão os
últimos a voltar. Neste meio tempo vão lutando só com o cabo da faca por sua
sobrevivência. Entretanto, dentro da classe artística, há um subgrupo ainda
mais prejudicado. São os artistas de circo.
Tenho acompanhado de
perto seus clamores pois são dezenas de circos há mais de ano parados em algum
arrabalde, em alguma vila, por este Rio Grande a fora. Vivem de benevolência,
de favores, de ajuda de pessoas que se comovem com seu estado de esquecimento.
Noventa por cento dos
circos não tem o "glamour" de grandes empresas circenses, embora
estas também tenham demitido em massa. O circo de lona furada, do caminhão
estragado, das crianças sem escola, dos cachorros magros, não foram
beneficiados por verbas que vieram em auxílio de muitos artistas, tipo Lei
Aldir Blanc. Vejam no rol de habilitados e me digam se há algum circo (os CTGs também foram esquecidos). O
preenchimento dos editais para concorrer precisa de alguém de muito conhecimento.
É burocracia pura. Os circos, em sua maioria, são "empresas"
familiares que trabalham para comer no dia de hoje e o amanhã só Deus sabe como será. Muitos
não tem nem CGC.
O mundo do circo precisa
de um olhar especial. Vive da locomoção, dos minguados que recebem fazendo o
povo se divertir. Alguém tem que fazer alguma coisa.