RETRATO DA SEMANA

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Identidade Visual dos Festejos Farroupilha 2024 / Cintia Matte Ruschel

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

QUE ANO BEM COMPLICADO

 


Não bastasse esta pandemia que nos reprime, que nos afasta, que nos assusta. Não fosse suficiente a intolerância, o extremismo, o radicalismo das pessoas, neste 2020 que, ainda bem, está terminando, temos que conviver com a despedida de velhos amigos. 

Sérgio Bandoca Foscarini da Silva, ex-vereador por quatro legislaturas, ex-prefeito de São Francisco de Paula, ex-presidente da Expointer, para todos nós apenas o Bandoca, ou o "meu negrinho", como ele carinhosamente chamava a todos, era uma pessoa alegre, disposta, determinada, parceira na acepção da palavra. 

Lembro que no dia 20 de setembro deste ano eu subi a serra a pedido do Rafael, Secretário de Turismo de São Chico, para dar uma entrevista a uma televisão que estava na cidade, falando sobre a importância daquela data, o Bandoca estava lá e proseamos bastante. Ele me disse que chegou meio atrasado porque havia batido sua camionete naquele momento. - Por sorte o airbag abriu e me salvou porque o carro foi perda total, disse-me ele. 

Ao que parece, ele vinha sofrendo alguns "apagões" desde o início do ano e o acidente seria uma consequência. Na última sexta-feira sofreu um AVC. Com a morte cerebral detectada, a família, num gesto muito lindo, resolveu doar seus órgãos. 

O Bandoca foi uma pessoa que acreditou em mim. Ele, como prefeito, mesmo sendo de partidos diferentes, me chamou e me entregou o Festival Ronco do Bugio para que eu coordenasse. - Meu negrinho. Só quero te ver de novo quando eu for subir no palco para entregar os prêmios. Te vira. Tudo contido. 

Da mesma forma, quando editei meu livro São Francisco Centenário, com a Lei de Incentivo do Estado na mão, conseguida pelo Dr. Luiz Pompeu Castello Costa, o Bandoca foi a pessoa que me prestou uma grande ajuda. - Vai lá na Piá (laticínios) e diz que foi eu que te mandei. Dito e feito. Patrocinaram todo o meu livro.  

Afora isso, quando me via caminhando pela cidade, se não parasse o carro atirava meio corpo para fora pra me saudar. Um amigo destes que a gente não vê todos os dias mas sabe que ele está presente. E permanecerá presente em nossas almas e nos olhos, no coração de outras pessoas que receberão seus órgãos. 

Vou parando por aqui porque, realmente, ano está difícil.