MEU VELHO
Léo Ribeiro de Souza
Meu velho, te falo, tu és para mim,
regalo divino que andeja comigo
conhece a hora do não e do sim
e mais do que um Pai eu tenho um Amigo.
O tempo e a vida se vão apressados
e a pressa não deixa eu dizer que te amo
pois penso que sempre estarás ao meu lado
na hora do apuro teu nome é quem chamo.
Mas hoje, meu velho, eu parei um pouco
talvez porque a chuva me prenda nas casas
o inverno se chega de um modo bem louco
trazendo a família pra perto das brasas.
Contigo aprendi a lida mais rude,
plantar a semente, erguer uma taipa,
até do teu gosto herdei o que pude,
apego a querência e barulho de gaita.
Mas é do teu jeito que lembro primeiro
e levo ao reponte na minha jornada
manter humildade, ser sempre parceiro
e não desonrar a palavra empenhada.
A gente, por moço, jamais imagina
que tudo tem prazo e os sonhos se vão
até o angico que é forte termina
no fio do machado e no fogo de chão.
Por isso, meu velho, te digo obrigado
a ti meu respeito, louvor e carinho
um dia algum neto terá teu legado
mas tu seguirá nos mostrando o caminho.