Mesmo antes da pandemia
nosso músico regionalista vinha sofrendo um processo de desvalorização perante outros
ritmos nacionais. A mídia mendigando espaço, os eventos dispondo de poucos
recursos e com exceção de três ou quatro grupos de baile e o mesmo número de
artistas solos os demais peleavam só com o cabo da faca por sua sobrevivência.
Com o Coronavírus, tudo se agravou.
Todas as categorias, do
empregado ao empregador, passando, aí, pelo trabalhador informal, exalam tristeza
e melancolia. Até quem tem seu salário garantido padece com o sofrimento dos
outros. Não vamos camperear razões pois elas tem dois lados e parte do próprio povo acha que se acotovelar nos parques para bombear o por do sol é mais
importante que o combate a transmissão do vírus. O resultado é um novo recrudescimento
da já pouca autonomia então conquistada. E os músicos?
Os músicos, vão ser os últimos a retornar pois depende do
público, ou seja, de aglomeração. E aqui falamos da classe artística como um todo, o escritor, o intérprete, os técnicos, os promotores de eventos, enfim, de toda cadeia produtiva. E para quem não lembra mais, estas pessoas são aquelas que nos enchem de alegrias através de sua arte. Agora, quem precisa de alguma alegria são os próprios.
O palhaço empalideceu o seu
sorriso pois o mesmo extraviou-se no breu de um circo cerrado; a ribalta, de momentos
memoráveis, está a esmo encarando cadeiras vazias; o cantor está com um nó na
garganta...
E quem socorre essa
gente que são iguais a nós, tem contas a pagar, adoecem, tem famílias que
dependem de seus labores?
Meu amigo, faça sua
parte. Observe, apoie, leve carinho, elogie, dialogue, faça saber da sua amizade,
tolere, entenda, mostre entusiasmo, diga que tem saudades, pois existem muitos perdendo
o equilíbrio nesta corda bamba da vida e, o pior, sem redes para amparar sua queda. Sobrevoa
sobre muitos desta categoria uma ave de rapina com seu cântico triste chamado DEPRESSÃO.
Poderia direcionar este
meu texto a dezenas de profissões mas o faço a classe artística por minha relação
com quem já me proporcionou tantos momentos felizes. Algo de prático, de
imediato, sem protecionismos (esse não é o momento), tem que ser feito.
Um bom domingo a todos.
Léo Ribeiro