Eu sempre tive curiosidade de saber um pouco mais sobre o autor deste quadro pois representa com fidelidade a capital dos gaúchos sete anos após o fim da guerra dos farrapos. Imagino que por estes morros foi a concentração dos soldados republicanos para invadir Porto Alegre, através do pontilhão da Azenha, na noite de 19 de setembro de 1835.
Pois fui atrás e vi que recentemente o jornal ZH fez uma ampla reportagem sobre o autor da tela. Não vamos reproduzir aqui por ser uma matéria muito extensa, apenas dar uma ideia de quem foi o artista.
Porto Alegre em 1952 / Herrmann Wendroth,
Museu Imperial de Petrópolis, Reprodução
Herrmann Rudolf
Wendroth foi um mercenário e artista plástico alemão que veio para o Brasil em
1851, contratado para lutar na Guerra contra Rosas. Integrou a Legião Alemã que
serviu no sul, cujos integrantes eram conhecidos pela alcunha de brummers, os
"resmungadores".
Chegou ao Rio Grande do
Sul por mar, parando primeiro em Rio Grande, e logo seguindo para Pelotas, onde
passou preso alguns dias por arruaças. Depois esteve em Porto Alegre, Rio Pardo
e Lavras do Sul, onde demorou-se mais explorando ouro nas minas da região.
Dali seguiu em viagem
por diversas partes do interior do estado, fixando em aquarelas e desenhos os
tipos humanos locais e a paisagem urbana e natural, num documento visual precioso
daquela época, executado com grande sensibilidade estética e por vezes
mostrando uma veia satírica. Faleceu em torno de 1860.
Segundo relatos era um soldado alemão, debochado e transgressor, foi o
responsável pelo mais vasto registro visual do Rio Grande do Sul no século 19.
Herrmann Rudolf Wendroth morreu desconhecido, em data e lugar incertos, e sua
obra só se tornou acessível ao público mais de cem anos depois de concebida – e
ainda hoje não é popular fora do circuito acadêmico de arte e história do Rio
Grande do Sul.
O estrangeiro registrou por meio de suas aquarelas paisagens
de Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, Lavras do Sul e Rio Pardo. Seus trabalhos
mostram cidades em expansão, em desenhos com profusão de detalhes e apuro
estético. No ambiente rural, também circulou e ilustrou com minúcia o modo de
vida do homem do campo. Além disso, foi um dos raros artistas-viajantes do
século 19 que retrataram os escravos com simpatia, expondo maus tratos sofridos
e dando dignidade a sua dança.
Algumas outras obras de Herrmann Rudolf Wendroth