Talvez eu não devesse opinar
sobre as eleições de uma entidade a qual não pertenço. Contudo, o Movimento
Tradicionalista Gaúcho, por sua
relevância, acaba despertando o interesse de toda a comunidade cultural rio-grandense.
O pleito realizado no dia 11 de
janeiro por ocasião do 68º Congresso Tradicionalista Gaúcho na cidade de
Lajeado abriu ainda mais as chagas não cicatrizadas das eleições de 2019 e de
um ano de administração conturbada com sérias acusações ao presidente que deixa
o cargo.
O fato de termos duas mulheres
concorrendo ao maior posto da instituição que coordena o tradicionalismo no Sul
do pais deveria ser motivo de orgulho, afinal o gaúcho é visto como machista
aos olhos que habitam acima do Rio Mampituba. Contudo, o resultado da apuração
que apontou um inusitado empate com 530 votos para cada candidata, algo
pitoresco e que, se bem aproveitado poderia ser explorado como notícia para o
Brasil inteiro, tornou-se uma destilaria de ódio, de ambições particulares frustradas,
de ganhar no grito.
A Comissão Eleitoral, para
efetuar o desempate, posicionou-se alicerçada no que regem os artigos contidos
em coletâneas e regulamentos do Movimento que é uma entidade privada com
normativas próprias que eu, por não ser tradicionalista, não estava inteirado mas
que todo associado tem o dever de conhecer. Quem viu-se prejudicado, é claro,
entendeu de uma maneira diferente e buscou seus direitos na justiça comum de
Lajeado que atendeu, liminarmente, seu pedido. Não vou, aqui, entrar no mérito
deste debate para não cair na vala comum das ofensas que permeiam nas redes
sociais.
Como vai ficar? Não sei. O que
sei é que este resultado (empate) foi péssimo para todo mundo pois desencadeou
um revanchismo que arranha uma imagem lapidada com muito carinho e trabalho por
velhos baluartes da tradição. Penso que as vaidades pessoais estão falando mais
alto que o amor pelo MTG.
Se uma das candidatas tivesse
ganho por larga margem, talvez nem estivéssemos aqui comentando, entretanto,
seria bem mais fácil a posterior união em torno de um ideal. Agora, a lâmpada
quebrou-se e resta um toco de vela para seguir por caminhos de forte penumbra.
Não me queiram mal pois apesar de ser contra seus inúmeros regramentos (que agora voltam-se contra si), admiro o MTG e só tenho a lamentar este empate com sabor de derrota.