segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
O CICLO DA EXISTÊNCIA
O CICLO DA EXISTÊNCIA
Já vem fechando a porteira
o peão, velho, cansado,
de barba branca, enrugado,
em sua lida derradeira.
A égua báia estradeira
sente a fadiga do dono.
Na sombra de um cinamomo
desencilha e solta a campo...
E o taura, feito um santo,
dorme seu último sono!
Mas vem erguendo a poeira
na mesma trilha, um piá.
Um garnizé batará
montando uma zaina ligeira.
E vem abrindo porteiras
pelos campos da querência.
Gurizote, sem paciência,
tudo que vê ele prova.
É o ciclo que se renova
no ir e vir da existência.
O Ano Velho é o peão,
o Ano Novo é o guri.
Um vai bombear, por aí,
talvez noutra encarnação.
O outro é renovação,
esperança, recomeço...
Por mais um ano agradeço,
inclusive os desalentos
e... se não tive ao meu contento
o que tenho é o que mereço.
Versos de: Léo Ribeiro
Gravura de: Vasco Machado
Postado por
Léo