RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quarta-feira, 15 de maio de 2019

EU SOU ARTUR ARÃO


Por: Sergio Gaúcho Azevedo



Falando-se em bandoleiros do Rio Grande, não se pode deixar de mencionar o famoso Artur Arão, cujo verdadeiro nome era Artur Alberto de Melo. Nasceu no povoado de Giruá, município de Santo Ângelo, em 1904, Seu pai coronel Pedro Arão, chefe maragato, foi emboscado e assinado por seus inimigos políticos, nas margens do rio Uruguai, tendo os seus bens saqueados, de modo que sua família que era abastada, ficou na miséria sua mãe era dona Francelina Dornelles. 

Foi tropeiro, contrabandista, cometeu toda espécie de atrocidade num tempo onde “ser gaúcho era um delito”. Considerado bandido por uns e herói por outros, na década de 30, Artur Arão era notícia. Suas façanhas corriam de boca em boca nas 'pulperias e bolichos, nas vilas, povoados e cidades da região missioneira. 

O território de atuação de Artur Arão, foi a região missioneira, Santo Ângelo, Sete de Setembro, Giruá, Santiago, Guarani das Missões até Porto Xavier e municípios vizinhos, mas sua ação se estendeu também pelos estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e outros, para onde viajava, fugindo da polícia. Também agiu na Argentina, para onde contrabandeava gado roubado e emigrava nas horas de aperto.
   
Onde Costumava chegar, gritava: EU SOU ARTUR ARÃO, como se fosse um grito de guerra. Apreciava cachaça com açúcar. Misturava com o que estivesse à mão: uma colherzinha, o lápis do bolicheiro ou então o cano do revólver, quando queria deixar bem explícitas as suas intenções. Artur Arão para comer não tinha cerimônia: quando via um animal no campo, cortava o arame, abatia-o a tiros, assava um churrasco ali mesmo, colocava outro debaixo dos pelegos e a marcha continuava. Praticamente morava em cima do cavalo e dentro do seu poncho.
   
Participou em 1935 como capitão mercenário, do exército paraguaio, na Guerra do Chaco, travada entre aquele país e a Bolívia. Comandou uma companhia de infantaria, notabilizando-se por sua valentia e recebendo o codinome de 'El Capitán de Fierro'.
   
O episódio mais conhecido da saga de Artur Arão foi quando sobreviveu a um fuzilamento e uma execução. Perseguido, foi preso quando atingido por um tiro que lhe quebrou o braço. Foi levado para execução, quando ao enforcamento preferiu o fuzilamento. Sobreviveu, baleado, percorreu um quilômetro, até achar ajuda e levado para um hospital, onde tinha permanecido em coma por 18 dias. Passou três meses em tratamento e mais um de recuperação. ​Depois de ter se recuperado foi atrás de seus algozes e exterminou a todos.
   
Sua história foi publicada nos quatro livros escritos por Ludovico Meneghello, Eu Sou Artur Arão, Artur Arão O Vingador, Artur Arão Na Guerra do Chaco e A Volta de Artur Arão.
   
A morte de Artur Arão, entre tanta versões, a mais aceita, conta que foi assassinado em Itapiranga, Santa Catarina, num baile pediu para um rapaz para dançar uma marca com sua esposa, tendo este concordado. Dançando, convidou a moça para tomar um mate juntos. O marido concordou, quando Artur estendeu a mão para pegar a cuia o marido da jovem deferiu-lhe um golpe de facão na cabeça, Artur levou a mão para sacar o revolver 38, mas antes que pagasse o revólver recebeu outro golpe, vindo a morrer em menos de uma hora.
   
Artur Arão foi sepultado em um cemitério no município de Itapiranga, encerrando a sua história de bandoleiro.

 Fonte de Consulta: Os Últimos Bandoleiros a cavalo, Sejanes Dornelles.