RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

domingo, 20 de janeiro de 2019

SÃO CHICO DOS APELIDOS



 

São Francisco de Paula, na região serrana do meu Rio Grande velho, é conhecida como a "Cidade dos Apelidos". A maioria de seus habitantes carregam alguma "alcunha", a começar pelo próprio nome da cidade, São "Chico".  

É comum nesta cidade de colonização portuguesa, "pêlo duro", povoada a partir dos pousos dos tropeiros Berivas, antigamente habitada pelos índios Caáguas, ou Caaguaras, não se conhecer um vivente pelo nome, mas sim pelo apelido.  

Eu mesmo já fiz uma poesia reculutando apelidos de amigos. Está no livro São Francisco Centenário e ficou muito engraçada. Nos diversos exemplares que já doei as escolas, é o poema que a piazada mais gosta. 

Uma das estrofes diz assim:  

Lagarto, Didi, Caduco,
Capacete, Gameleiro,
Alicate, Budegueiro,
Pato, Itagiba, Pinhão,
Bolo, Candinho, Pregão,
Gasolina, Tico-tico,
Cevada, Pingo, Munico,
Cegonha, Gordo, Canhão. 

Pois hoje a Zero Hora traz uma reportagem sobre nomes engraçados pesquisados em cima da serra. Quero salientar que todas estas localidades, hoje, municípios, tipo Jaquirana, São José dos Ausentes, Bom Jesus, Cambará do Sul, já pertenceram a São Francisco de Paula.  

A matéria de ZH se debruça mais em nomes de lugares como Arrepio, Faxinal dos Pelúcios, Matemático, Passo do Inferno... e dá a origem do nome de cada um. Uma bonita e criativa reportagem com texto de Andrei Andrade e imagens de Lucas Amorelli. 

Quando os repórteres descrevem o lugar onde nasci, na velha e legendária Contendas, dão a seguinte explicação em relação ao nome: Para Contendas há duas versões. A primeira é por causa das diversas brigas que dava no salão da igreja. Ali, nunca um baile chegava ao fim em bons termos. A segunda, reforçada pelo historiador serrano José Carlos da Fonseca seria pela disputa de terras entre duas famílias que passaram gerações brigando. 

O que nenhum falou é que Contendas tinha (e tem) um sub-apelido. Segundo relatos dos moradores havia, nos idos tempos, alguns ladrões de porcos que habitavam Contendas. Roubavam na calada da noite, carneavam e revendiam o produto, como fazem hoje os abigeatários por todo o Rio Grande. Para o resto do município, quem era oriundo das Contendas era chamado de Ladrão de Porco.  

Então, para os que não sabiam, sem nunca ter furtado nada de ninguém, este é o meu apelido: Ladrão de Porco.

Histórias deste Rio Grande.