RETRATO DA SEMANA

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Recuerdos da companheirada e do velho parceiro (Mouro Negro).

quinta-feira, 14 de junho de 2018

REPONTANDO DATAS / 14 DE JUNHO


102 ANOS DA MORTE DE SIMÕES LOPES NETO

 
João Simões Lopes Neto nasceu em Pelotas em 9 de março de 1865 e faleceu em 14 de junho de 1916. Filho de Catão Bonifácio Lopes e Teresa de Freitas Ramos.

Com treze anos de idade, Simões Lopes Neto foi ao Rio de Janeiro para estudar. Retornando ao Rio Grande do Sul, fixou-se em sua terra natal, Pelotas, então rica e próspera pelas mais de cinquenta charqueadas que lhe davam a base econômica.

Simões Lopes Neto envolveu-se em uma série de iniciativas de negócios que incluíram uma fábrica de vidros e uma destilaria. Porém, os negócios fracassaram. Uma guerra civil no Rio Grande do Sul – a Revolução Federalista - abalou duramente a economia local. Depois disso, construiu uma fábrica de cigarros. Os produtos, fumos e cigarros, receberam o nome de "Marca Diabo", o que gerou protestos religiosos. Sua audácia empresarial levou-o ainda a montar uma firma para torrar e moer café, e desenvolveu uma fórmula à base de tabaco para combater sarna e carrapato. Ele fundou ainda uma mineradora, para explorar prata em Santa Catarina.

Casou-se em Pelotas, aos 27 anos, com Francisca de Paula Meireles Leite. Não tiveram filhos. Como escritor, Simões Lopes Neto procurou em sua produção literária valorizar a história do gaúcho e suas tradições. J. Simões Lopes Neto, sob o pseudônimo de "Serafim Bemol", e em parceria com Sátiro Clemente e D. Salustiano, escreveram, em forma de folhetim, "A Mandinga", poema em prosa. Mas a própria existência de seus co-autores é questionada. Provavelmente foi mais uma brincadeira de Simões Lopes Neto.

Em certa fase da vida, empobrecido, sobreviveu como jornalista em Pelotas. Publicou apenas quatro livros em sua vida: Cancioneiro Guasca (1910), Contos Gauchescos (1912), Lendas do Sul (1913) e Causos do Romualdo (1914).

Morreu em Pelotas, aos 51 anos, de uma úlcera perfurada. Sua literatura ultrapassou as fronteiras do Rio Grande do Sul e do Brasil e hoje pertence à literatura universal, tendo sido traduzido para diversas línguas.

Simões Lopes Neto só alcançou a glória literária postumamente, em especial após o lançamento da edição crítica de Contos Gauchescos e Lendas do Sul, em 1949, organizada para a Editora Globo por Augusto Meyer e com o decisivo apoio do editor Henrique Bertaso e de Érico Veríssimo.

O livro Lendas do Sul foi a primeira obra literária no idioma português a ser publicada na rede mundial de computadores pelo aclamado Projeto Gutenberg, um empreendimento sem fins lucrativos empenhado em disseminar grandes clássicos da literatura gratuitamente (ou a preços nominais) ao grande público.

Ao lançar a primeira edição de Lendas do Sul, seu autor anunciou que estavam por sair Casos do Romualdo, que viria a ser lançado em 1914, e Terra Gaúcha e a existência das obras inéditas Peona e Dona, Jango Jorge, Prata do Taió e Palavras Viajantes. Mas dessas obras só foram encontradas por Dona Velha, como era conhecida a viúva do escritor, o que seria o segundo volume de Terra Gaúcha.

Dos demais, nada se encontrou, levando a crer que, ao se referir a inéditos, Simões Lopes Neto tinha em mente obras que ainda planejava escrever.

Terra Gaúcha, embora incompleta, foi publicada pela Editora Sulina, de Porto Alegre, em 1955.