Ao fazermos qualquer enquete sobre qual a música gaúcha lhe vem a cabeça neste exato momento um
alto índice de entrevistados responde que é Querência Amada, Céu Sol, Sul,
Terra e Cor, Canto Alegretense, Reconheço que Sou Grosso e outras dezenas de relíquias musicais da mesma época.
Se desejarmos saber
quais os maiores clássicos da Califórnia da Canção Nativa, percebemos que o
resultado é Esquilador, Guri, Desgarrados, Negro da Gaita...
Quando nos perguntamos
quais os sucessos recentes dos maiores artistas ou conjuntos de baile as
respostas custam a aparecer.
Percebemos, também, que
estes mesmos conjuntos que ainda levam muita gente aos seus bailes são quase os mesmos de quatro
décadas.
Com algumas raras e boas exceções, não vislumbramos uma
renovação de nomes na musicalidade rio-grandense se comparada há trinta
anos atrás.
Na maioria dos casos ao comprarmos um
CD, atualmente, sente-se que a mesmice andeja nas faixas com temas batidos como surrar
cavalo, baile, fanfarronadas e outros da mesma estirpe que já foram cantados (e bem
melhores) nos tempos de outrora.
Enquanto isso ficamos na espera que apareça um novo Honeyde Bertussi, Telmo de Lima Freitas, Paixão Côrtes, Jayme Caetano Braun, Gildo de Freitas, Noel
Guarany, Cesar Passarinho, José Claudio Machado, Luiz Carlos Borges, Albino Manique e outros tantos galos que foram contemporâneos entre si.
Estes e mais
alguns fatos nos levam a questionar (quiçá afirmar) se a música gaúcha não está
um tanto envelhecida.
Mas porque motivo isto
acontece?
As respostas são
diversas e nem sempre conclusivas.
- Falta de espaço na
mídia local.
- Tudo já foi cantado e
decantado tornando a repetição e a mesmice uma coisa normal.
- Valorização de
artistas de outros Estados em detrimento dos músicos rio-grandenses.
- Dificuldade financeira
para manter um conjunto.
- Falta de união entre
os próprios artistas regionais.
- Ausência de qualidade
e preparação para muitos que se lançam aos palcos.
Teríamos outras
inúmeras razões para elencar neste espaço mas pensamos que o principal motivo
para uma falta de renovação partiu da própria evolução tecnológica.
Explicamos:
Nos grupos musicais de
antigamente, gravar um disco era um sacrifício. Quando alcançado, era festejado
como o nascimento de um filho. Muitos viajavam a São Paulo porque, por aqui, os
estúdios de qualidade e os recursos para uma boa gravação eram escassos. Nos
festivais, os LPs, os antigos "bolachões", eram disputados no tapa.
Todos queriam ter em mãos a recordação e o registro daquele evento.
Posteriormente, com a
troca dos discos de vinil para o CD, o mundo musical rio-grandense continuou na
mesma batida. Muitas gravadoras enriqueceram. Os artistas mais famosos eram
disputados a peso de ouro. Hoje, você paga para gravar.
Nos últimos tempos tudo
isso foi mudando. Poucos gravam um CD. as lojas do ramo quebraram. Os carros
modernos nem trazem mais aparelho de reprodução de CD. Tudo é na base do tal de
Pen Drive, sem fotos, sem textos, sem uma informação sobre o artista. Os
festivais nem gravam mais. É tudo na base das filmagens para depois as pessoas
camperearem no you tube, ou seja, aquele material que qualquer um peão de fundo
de campo tinha em mãos espraiou-se por mil invernadas dispersas que o mundo da
internet nos brindou.
Isto tudo, minha gente,
é apenas um preâmbulo para um estudo maior que estou a desenvolver sobre a
nossa musicalidade e vendo uma luz no fim do túnel ao perceber tantas escolas musicais por todo o Rio Grande com a mesma preocupação. Elas estão fazendo sua parte. Contudo, ao formarmos milhares de médicos todo o ano temos que ter espaço para eles trabalharem (foi a comparação que me veio em mente no momento).
A verdade é que a nossa
musicalidade sulina, por algum motivo ou por outro, que os amigos até podem me
ajudar a pesquisar, está envelhecida, de bengala, de pantufa, de pijama... Ou
não?
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