RETRATO DA SEMANA

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Identidade Visual dos Festejos Farroupilha 2024 / Cintia Matte Ruschel

domingo, 22 de abril de 2018

UMA CANTIGA AOS TROPEIROS


Não sei se acontece a mesma situação com vocês, meus amigos, mas, para mim, tudo na vida tem que ter um porque. O porque das guerras, da paz, do amor, do ódio...

Há tempos que eu não rabiscava uma letra. Achei que já havia escrito sobre tudo e não queria me repetir. Primo pela qualidade, ante a quantidade, ou seja, faltava motivação.  
 
Pois na última sexta-feira, o Marco Aurélio Angeli, o meu amigo Zoreia, um dos homens mais campeiros que conheço, pediu-me que divulgasse em nosso blog sobre o Dia Estadual do Tropeirismo (20 de abril). A partir dai me dei conta que eu nunca havia escrito algo para ser musicado sobre tropas, tropeiros, ou algo semelhante.
 
Em questão de minutos me veio a motivação e escrevi, em homenagem a estes desbravadores terrunhos, a seguinte letra: 

 


A ÚLTIMA TROPA
Letra: Léo Ribeiro  

A vida dobrou-se na curva da estrada
nem tropas nem nada apontam por lá
barulhos de cascos sumiram na poeira
da lida tropeira nem sombras não há.  

Aqui era o pouso dos caminhos longos
enchiam porongos pra matar a sede
deixando recuerdos p'ros dias de agora
e velhas esporas ornando paredes.  

FICOU DE LEMBRANÇA A PRETA CAMBONA
CHIANDO CHORONA POR SOBRE O FOGÃO
NA ÁGUA QUE AQUENTA, SAUDADE REBROTA
DOS TEMPOS DE TROPA QUE LONGE SE VÃO. 

Num grito de "era", no som do cincerro,
bruaca e cargueiro chegavam estufados,
desciam com milho, arroz e feijão,
subiam com canha, farinha e melado.    

Restou as histórias de um tempo tão rude 
e a triste quietude marcando o reduto.
Por estes tropeiros, heróis do meu pago,
confesso que trago minh'alma de luto.