QUE GARIMPEI NUM SEBO
Você, meu confrade poeta, ou você, meu amigo apreciador da poesia gauchesca, já parou para pensar como seriam os escritos logo após o final da Revolução Farroupilha, ainda sob o calor de dez anos de enfrentamentos?
Pois foi esta relíquia em forma de livro que consegui ao garimpar um sebo (uma das minhas manias) aqui pela capital.
Apolinário Porto Alegre, escritor e poeta nascido em Rio Grande em 1844 (um ano antes do término da Guerra) foi quem coligiu e comentou tal obra. A publicação foi da editora Globo no ano de 1935, centenário da revolução. Apolinário morreu aos 66 anos, ou seja, 30 anos antes da publicação e, provavelmente, quem reculutou tal material foi seu filho Álvaro Porto Alegre.
Como não sou de engavetar coisas de valor, aos poucos, através do nosso blog, vamos mostrando estas preciosidades aos leitores.
Raridades iguais a estas quadrinhas, de autor desconhecido (talvez, até, um soldado) sobre a famosa Batalha do Seival, quando foi proclamada a independência da Província de São Pedro:
AO COMBATE DO SEIVAL
Já vem o Silva Tavares
com a sua força armada,
perguntando pelo Neto
mais a sua farrapada.
As duras pedras choravam,
as árvores davam gemidos,
por ver os queridos filhos
da própria pátria corridos.
Com forças três vezes mais
em campo raso alinhado,
o legal Silva Tavares
foi batido e destroçado.
No dia dez de setembro,
lá nos campos do Seival,
foi derrotada a soberba
dos (tais) barbudos do Herval.