RETRATO DA SEMANA

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Identidade Visual dos Festejos Farroupilha 2024 / Cintia Matte Ruschel

segunda-feira, 3 de abril de 2017

UM GRANDE GAÚCHO



No lugar onde me encontro não tive aceso ao programa The Voice Kids. Queria muito ter assistido a apresentação do gauchinho Thomas Machado.

Agora, pelo face, fiquei sabendo de sua vitória.

Mas não é de sua vitória o que vou falar pois, independentemente desta, este menino já havia dado seu recado e representado as pessoas não rançosas que flutuam pela musicalidade e pelo tradicionalismo gaúcho.

Digo "não rançosas" pois ainda vejo postagens insistindo que ele deveria ter cantando uma música gaúcha e que chegou a este patamar por estar pilchado a maneira gaúcha, inclusive algumas citações de que o Rio Grande "caipira" venceu o festival. Mas são apenas alguns insensatos que fizeram suas carreiras nos palcos dos festivais gauchescos e agora alegam que a bombacha ou o chapéu não os representa. Ai é brabo..... 

Tenho certeza de que, se pudesse, o Thomas teria escolhido uma música regional para cantar pois aí ele mostraria ainda mais o seu talento. Contudo, o repertório é imposto e isto valorizou sobremaneira a sua performance pois teve que adequar-se, em pouco tempo, a um estilo ao qual não está acostumado.

Eu também gostaria de ouvir o menino destrinchando um "piazito carreteiro" mas isto não dependia dele, de mim, ou de você. E quem garante que ele teria alcançado tamanho sucesso se agisse desta forma?

Nossa música regional ainda não é reconhecida nacionalmente e talvez jamais o seja, pois as canções gauchescas não são popularescas. Temos uma identidade própria. E se o preço a ser pago para ser visto pelo resto do Brasil é "prostituir" nossa maneira de fazer canções, prefiro ficar no ostracismo a vida inteira.

E cá entre nós, o repertório escolhido pelo time de Thomas Machado foi lindo. São verdadeiros clássicos nacionais.

Em relação as pilchas.

Não acho que as demais crianças concorrentes do Rio Grande do Sul tenham agido errado ao não se apresentarem com trajes gauchescos embora alguns tenham sua origem nas invernadas mirins de CTGs. O estilo musical que defenderam e onde sentem-se mais a vontade para cantar não cabe pilchas. Aproveito a olada para dar os parabéns a todos os participantes rio-grandenses que, igualmente, tão bem representaram a nossa terra.

Mas também acho que o Thomas agiu certo em se apresentar com a vestimenta campeira. É neste ambiente que ele foi criado. É isto que ele gosta de fazer. A música galponeira corre em suas veias e o guri levou ao Brasil aquilo que sente.

E vocês já pensaram quantas crianças virão no embalo de Thomas Machado, com suas pilchas, com seu gosto por coisas da nossa cultura mais autêntica?

Sinceramente a mim pouco importa se a qualidade vocal dos concorrentes era superior pois o que vale é o conjunto da obra e nesta o Thomas saiu-se muito bem cativando não só os corações dos gaúchos (não de todos) mas também da pátria grande. 

Muito obrigado, Thomas, por levar a todo o povo brasileiro estes trajes que tanto envaidecem quem cultiva nossas tradições (como eu). Mil gracias por orgulhar-se daquilo que és e do lugar de onde vens.

Te agradeço por nos brindar com tanta alegria em meio a um turbilhão de negatividades que nos rodeia.

Segue em frente pois junto a ti vem o Rio Grande das tradições gaúchas, vem o repasse cultural de pai para filho, vem a certeza de que os nossos costumes se perpetuarão intactos.

Em tempo: - Aos críticos de plantão. No programa Fantástico, da mesma emissora do The Voice Kids, de gaita em punho Thomas Machado encantou a todos retrechando Querência Amada, do saudoso Teixeirinha.