RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

LUSTRANDO AS BOTAS PRA FESTA


Livro sobre as 15 primeiras edições do Ronco do Bugio 
Capa e textos: Léo Ribeiro

* RONCO DO BUGIO

Pinhão pulando na chapa,
conhaque, mate, quentão,
pandeiro, gaita, violão,
tudo pra espantar o frio.
Coisa igual nunca se viu
neste Rio Grande imortal,
campeiraço, original,
nosso Ronco do Bugio.

Contava Honeyde Bertussi
que aqui pelo Juá
inventaram de "imitá"
o bugio lá no capão.
E foi Virgílio Leitão,
que num pouso a beira mato,
arremedou o macaco
numa gaita de botão.

E foi também pelas mãos
do Honeyde e do Adelar
que o bichinho foi parar
no antigo "bolachão".
Gravado virou o brazão
dos cantores da querência.
É terrunho, é pura essência,
é filho deste torrão.

Esta festa genuína
veio, então, apadrinhar,
difundir e preservar
esse toque do rincão.
Ainda traz a vocação,
entre os versos que desata,
de proteger o primata
hoje quase em extinção.

Artistas timbrando versos,
gente de fama graúda,
cantarolando saúdam
a cultura deste pago.
Este encontro é afamado
por sua estirpe campeira
e teima em cruzar fronteiras
da serra pra todo o Estado.

É um encontro de amigos,
vertente de poesias,
espetáculos, cantorias
que dá gosto a gente ver.
No gelado amanhecer
as gaitas aquentam tudo
neste trancão macanudo
que São Chico viu nascer.

* Poema que compõe o livro "São Francisco Centenário", de Léo Ribeiro, escrito no inverno de 2003.