RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

sexta-feira, 15 de abril de 2016

QUANDO EU PARTIR



A morte é uma coisa que, por vezes, nos aflige, por outras, levamos na farra. Depende de nosso estado de espírito. Mas uma coisa é certa: ainda não estou preparado para morrer. Tenho muito á fazer, principalmente incomodar a mulherada (minha esposa e minha filha), dar muitas risadas com os parceiros e viver intensamente esta tradição riograndense que, para o meu gosto, é uma das mais lindas do mundo.
 
Sobre este tema, deixo aos leitores do blog um belo poema do vate Flávio Ernani Barbizan intitulado QUANDO EU PARTIR.
 
Quando eu partir, e Deus queira que demore,
gostaria que fosse deste jeito:
Me cuidando, uma china que me adore,
sentada nos pelegos do meu leito.
 
Quando chegar á hora (e vai chegar),
queria o cusco me lambendo os pés.
Dos amigos que tive então vou me lembrar,
nem sei se foram cinco, oito, nove ou dez.
 
Pediria que eu fosse em ano par,
tenho cisma de um, de três, de sete,
e para que poucos viessem me amolar,
queria que chovesse canivete.
 
Gostaria de partir devagarito,
no embalo de cantigas de galpão.
Bem melhor se estivesse até solito,
lavando a alma num derradeiro chimarrão.
 
Pode até que uma lágrima apareça,
sozinha, pequena, assim num repente,
duvido muito, mas vamos que aconteça,
vou mentir, dizer que o mate estava quente.
 
Quando eu partir e talvez isto nem demore,
duas coisas eu quero em meu respeito:
fui feliz, peço então que ninguém chore,
e a bandeira do Rio Grande no meu peito.