RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quinta-feira, 31 de março de 2016

QUANDO SE DEBATE COM RESPEITO


NÃO PRECISAMOS VIRAR INIMIGOS
 
Em se tratando de futebol, religião e política sempre tenho o maior cuidado no uso das palavras. Nenhuma manifestação ofensiva ou por demais jocosa, nestas searas, vale mais do que uma amizade. A explosão insensata pode causar danos e mágoas perenes pois cada um tem sua crença, seu time e seu partido e as opções devem ser respeitadas. Os radicalismos nunca são bem-vindos pois a razão é uma adaga, isto é, tem dois lados e a tolerância e as posições divergentes fazem parte da democracia.
 
Faço este preâmbulo para postar um e-mail que recebi de uma pessoa que admiro como jornalista por suas convicções, pela defesa destas (convicções) e por sua forma qualificada de expressar-se. O curioso é que nossa amizade adveio de minhas contrariedades aos seus posicionamentos em relação ao tradicionalismo e, principalmente, quanto a política. 
 
Trata-se do jornalista Moisés Mendes
 
Devido a forma respeitosa que eu me dirigia a Moisés Mendes, mesmo para contestá-lo, ele remeteu-me o seguinte e-mail:
 
Em Tempo: devo dizer que a Zero Hora comete um grande erro ao prescindir do trabalho de Moisés Mendes pois o contraponto é necessário em qualquer meio de comunicação que se diz imparcial.  
 
    Jornalista Moisés Mendes
 
 
Prezado Léo Ribeiro de Souza. Esse e-mail é para agradecer pelo convívio, no momento de meu desligamento de Zero Hora, já noticiado pelo próprio jornal. Agradeço a leitura, o reconhecimento e a crítica, nesses 27 anos em que atuei em muitas áreas da redação de ZH.
 
Solicitei meu afastamento em 29 de fevereiro, dias após ter sido informado de que a Zero juntaria as edições de sábado e domingo em uma superedição com o melhor de Zero Hora. Eu deixaria de escrever no espaço que ocupava no domingo e seria mantido como articulista em outros três dias da semana.
 
É óbvio que tais deliberações são da natureza e das prerrogativas de qualquer comando em qualquer atividade. Mas ainda tentei defender minha permanência na edição nobre do jornal, certo de que o espaço não era meu, mas do leitor de ZH. Não obtive êxito, procurei entender o contexto da decisão tomada pela direção e optei por sair. Aprendemos, nas mais variadas situações, que é preciso saber a hora de ir embora.
 
Faço esse breve esclarecimento porque só agora, após minhas férias, foi formalizada minha saída. Os que me acompanharam e contribuíram para o meu trabalho merecem pelo menos uma despedida.
 
Obrigado pelos questionamentos, pelos alertas e até pela total discordância com o que escrevo. Sempre acolhi com respeito as observações de quem me lê e continuarei defendendo com radicalidade, como obrigação de jornalista, a ampla liberdade de expressão.
 
Pluralidade, diversidade e livre circulação de ideias, no jornalismo e em todas as áreas que contribuem para a propagação de informações e de opiniões, não podem ser meros recursos mercadológicos. Somente serão efetivas se estiverem a serviço do debate, dos avanços civilizatórios e da democracia.
 
Abraço
 
Moisés Mendes
 
Aos que perguntarem, não tenho nenhum projeto no momento. Este é meu e-mail pessoal, que ofereço ao amigo sem restrições.