RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

domingo, 31 de janeiro de 2016

DE ONDE VEM A PALAVRA " GAÚCHO"?



O Jornal Zero Hora de quinta-feira, dia 28 de janeiro, em sua página 44 (Almanaque Gaúcho) escrito interinamente por Antônio Goularte, nos traz uma interessante matéria sobre a origem da palavra Gaúcho, a qual reproduzimos na íntegra (a foto é de nossos arquivos).  

Nem brasileiros, argentinos, uruguaios e chilenos se entendem. 

Tudo indica que não existe no Rio Grande do Sul uma etimologia mais controvertida que a relacionada ao vocábulo "gaúcho". Até um dos expoentes de nossa cultura no século passado, Augusto Meyer (1902 - 1970), realizou minuciosas pesquisas, apontou inúmeras versões, mas deu o assunto por encerrado sem adotar nenhuma. O mineiro Guilhermino César (1908 - 1993), um riograndense por adoção, viu o caso como um "quebra-cabeça". Na década de 1920, o mestre João Ribeiro já chegara a uma conclusão semelhante quando o considerou como um "problema insolúvel". Mais recentemente, quando perguntaram a Barbosa Lessa sobre a origem da palavra, ele respondeu: "Ninguém sabe". Citou o professor  Fernando Assunção, que reporta ao francês "gauche" (esquerdo), mas sem muita convicção. 

Dois estrangeiros, nossos vizinhos e interessados diretamente na matéria, foram um pouco além. O argentino Costa Alvarez - conforme pesquisas de Carlos Reverbel - chegou a encontrar 25 etimologias da palavra, e o uruguaio Buanaventura Caviglia Hijo ampliou esse número para 36, Segundo ele, a origem pode ter vindo nada menos do que 17 idiomas, do castelhano ao latim, passando por tupi-guarani e árabe. No final, Hijo concluiu que gaúcho vem de "garrucho", portador de garrocha (a nossa garrucha). 

Temos ainda mais duas opiniões de estrangeiros. O chileno Rodolfo Lenz indica a palavra araucana "cachu" ou "cauchu" como possível origem. E o argentino Paul Groussac optou por "guacho". Em resumo, até agora, parece que ninguém se entendeu. 

Sobre um aspecto do caso, porém, não pairam dúvidas. Durante mais de um século, a palavra "gaúcho" teve uma conotação nada simpática: marginal, ladrão, vagabundo, contrabandista coureador, aquele que saqueava fazendas só para roubar o couro das reses, que chegou a vale quatro vezes o preço do gado em pé. Hoje, a palavra é tratada com orgulho e respeito por todos os rio-grandenses e está presente, em tom maior, no nosso cancioneiro: "Eu sou gaúcho, eu sou do sul...".