RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
20 de novembro - Dia Nacional da Consciência Negra

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A FUGA DE BENTO GONÇALVES - PARTE V


A EXECUÇÃO DA FUGA

Segundo alguns depoimentos, nas visitas constantes, ao Comandante do Forte do Mar, o Capitão Machado comprometeu-se em ajudar, porém pediu que não o envolvesse diretamente na ação. Portanto, foi necessária uma soma elevada, tanto para pagamento de propinas às sentinelas  e ao Comandante do Destacamento da Guarda, como para a operação de resgate e transporte de retorno. Para isso, no dia 04 de setembro, o ourives Manoel Gomes Pereira emprestou, em nome de Bento Gonçalves, 5.638,500 (cinco contos, seiscentos e trinta e oito mil e quinhentos réis). Este dinheiro foi causa de desavença posteriormente.

Na semana anterior a fuga, Bento Gonçalves já havia recebido licença para tomar banho de mar  próximo à rampa de acesso junto ao Forte, por lá existir um banco de areia onde, nos horários de maré baixa, a profundidade é pequena. No dia combinado, 10 de setembro, uma canoa com oito tripulantes vestindo camisa azul, simularia pescar na redondeza. Por volta das 10 horas Bento Gonçalves nadava junto ao forte, vigiado apenas por um sentinela, quando foi resgatado, de onde seguiu para a Ponta do Manguinho, na Ilha de Itaparica, sendo ele recebido pelo Capitão Manoel Joaquim Tupinambá, Juiz de Paz da Vila de Itaparica, que o acoitou em sua propriedade rural. 

Quando acalmou a agitação, por volta das 13 horas, o Te. Cel Pinto Garcez, enviou um ofício ao Presidente da Província participando o ocorrido. Solicitava que mandasse prender imediatamente o Comandante do Forte e o Comandante do Destacamento da Guarda, bem como as praças que estavam de sentinela na hora da fuga. Ainda pedia que fosse mandado proceder um Conselho de Investigação para que pudessem ser conhecidos os verdadeiros  fatos da fuga  e, com isso, serem julgados os culpados. 

Após uma semana, no dia 18 de setembro, o Presidente da Província escreve ao Ministro da Justiça, dizendo não ter conseguido capturar Bento Gonçalves e dá por encerradas as diligências a respeito. Cessadas as buscas, no início de outubro Bento Gonçalves foi trazido novamente para Salvador, sendo recebido pelo Ten. Cel Francisco José da Rocha.

Com a finalidade de dissimular seu retorno Fizeram o Governo acreditar que ele embarcaria em um navio para a América do Norte. Na verdade ele embarcou na Samuca Estrela do Sul, uma embarcação do maçom Antônio Gonçalves Pereira Duarte, que havia chegado com charque do Sul e retornava com farinha para Montevidéu.

Na cidade de Desterro (hoje Florianópolis) Bento Gonçalves desembarcou e veio, a cavalo, em direção a Viamão, onde se reuniu à força republicana que sitiava Porto Alegre, ali chegando no dia 10 de novembro.

 Óleo sobre tela de Guido Mondin