Ainda repercute febrilmente a coluna do jornalista Juarez Fonseca no segundo caderno de Zero Hora, do fim de semana, criticando o nível musical dos festivais de hoje. Sobre o tema, o jornalista Paulo de Freitas Mendonça nos concede um texto que convida a reflexão.
Ainda dando sequência ao assunto que postei ontem, das atitudes que me deixam estupefato, ressalto a inocência das pessoas.
Há um texto que está
sendo discutido ferrenhamente nas redes sociais e nas rodas de amigos
nativistas. Não vou entrar no seu mérito porque me parece que a crítica
lítero-musical exige signos que não estão expressos ali. O crítico não
deve colocar sua opinião do objeto criticado,
porque se fizer estará fazendo um julgamento de valor o que é
totalmente diferente de uma crítica. Classifico o texto como uma opinião
pessoal do jornalista, baseada na parcela do campo cultural na qual ele
interage e, com sua legitimidade se expressa.
O que me surpreende é a
repercussão que o texto está tendo, mais por sua rejeição do que por
aceitação, prova de que a inocência também paira sobre cabeças
iluminadas e que, em geral, as pessoas se revoltam quando se deparam com
palavras que não são elogiosas. Penso que a opinião de outrem a
respeito de alguém é a visão que ele tem deste e não necessariamente o
que ele realmente seja. Por esta razão, nunca respondo a críticas, até
porque não é inteligente propagar o que o outro pensa de mim e sim
divulgar o que realmente sou. Mas o que me deixa pasmo é que ambos os
lados já começam a levar para o campo pessoal, incluindo os defensores e
os acusadores.
Vejo como fundamental para o enriquecimento da vida a
relação humana, que deve estar acima das opiniões e da diversidade de
gostos. Posso discordar do texto de alguém ou não gostar da arte de
outro sem que seja necessário que nos tornemos desafetos, aliás,
mantenho uma relação cordial com as mais variadas tribos, o que não quer
dizer que assine embaixo de tudo que ouço e leio.Vejo que muitas das
pessoas que estão revoltadas com o que leram nunca deram a mesma
importância para textos classificados em sua natural ótica como
positivos para o meio nativista. E isto é um tiro no pé. Ressaltam para
maior público muito mais o que estão julgando negativo do que porventura
julgariam positivo e que está posto todos os dias diante de seus olhos.
É importante compreender de que para evitar totalmente a crítica, basta
que não se faça nada, não fale nada e não seja nada, parafraseando
Aristóteles. Se alguém está criticando é porque outro alguém está
fazendo. E, lembre-se, quem o critica, no fundo o admira, porque senão o
ignoraria. Não se deve dar tanta importância à crítica quando se está
com a consciência de que se está fazendo o melhor que se pode.
Como
disse o pintor Geoges Braque, “não se pode pedir ao artista mais do que
ele pode dar, nem ao crítico mais do que ele pode ver”.
Paulo de Freitas Mendonça