Aqui por São Chico de Paula, onde o tempo está bueno uma coisa por demais (até um solzinho apareceu), após a primeira noitada do 24º Ronco do Bugio e de um baile velho botado, animado pelo Zezinho e Grupo Floreio, estava eu pelo galpão Aconchego dos Gaudérios aguardando o Paulo de Freitas Mendonça e a Maria Luiza Benitez que virão comer uma bóia com a gente quando, revirando meus alfarrábios, relendo uns versos escritos há muito tempo e perdidos ao léu (não ao Léo), encontrei estas rimas que são atemporais, ou seja, se adequam a qualquer momento, principalmente aos tempos de agora, de facebook, de internet, de redes sociais, onde todos escrevem tudo, por vezes escondidos em nomes falsos.
Leiam e bombeiem se não é verdade (e atual) o que rabisquei há mais de 40 anos:
BOCA DE CINCERRO
Bico que fala demais,
boca igual a do cincerro,
mora mais perto do erro,
da injúria e da ofensa.
Quando a língua não tem tranca
o peito velho é quem paga
e acaba por boca-braba
quem diz aquilo que pensa.
É por isso que admiro
pessoa de pouca prosa,
quem mais escuta, quem dosa,
aquilo que vai dizer.
Muitas vezes o silêncio
presta mais definição
do que o gritar sem razão,
do que o falar sem saber!