RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

sexta-feira, 27 de março de 2015

QUEM FOI DALTRO,


PESSOA QUE LEVA OBRA DE CARINGI NA SEPULTURA?

Anteontem, quarta-feira, fui levar meu último adeus a um colega e amigo, o Capitão Castro, ali no cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre. Esta morada perene, assim como o Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, e outros tantos por aí, é um local onde foram sepultadas muitas personalidades, sendo, até mesmo, ponto de visitação. Sendo assim, sempre que dá uma vasa, saio pelo meio dos túmulos para ver quem ali descansa para sempre. É uma balda que carrego...

Passei pelos mausoléus de Júlio de Castilhos, Pinheiro Machado, Família Chaves Barcelos, Otávio Rocha, o túmulo do Teixeirinha... Mas uma querência eterna que me chamou a atenção pela beleza e suntuosidade é de uma pessoa um tanto desconhecida para mim. General Daltro. Acima da lápide, duas obras perfeitas (um soldado e um gaúcho) de autoria do grande escultor pelotense, Antônio Caringi, o mesmo que criou a estátua do Laçador, e considerado o maior monumentista (escultor de monumentos) do Brasil.   

Chegando ao rancho, fui pesquisar mais a fundo quem foi o citado General Daltro, "proprietário" daquela rica sepultura. 



Manuel de Cerqueira Daltro Filho (Cachoeira, 1882 — Porto Alegre, 1938) foi um militar brasileiro, tendo governado os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul por períodos breves, na condição de interventor federal.

Iniciou sua carreira militar aos 16 anos ao sentar praça no 9° Batalhão de Infantaria em Salvador. Após uma passagem pelo Rio de Janeiro, foi transferido para o Rio Grande do Sul, onde cursou a Escola Tática e de Tiro de Rio Pardo. Em 1901 retornou ao Rio para a Escola Militar da Praia Vermelha, onde permaneceu até 1904, quando a escola foi fechada por haver apoiado a Revolta da Vacina.

Entre 1906 e 1908 retornou ao Rio Grande do Sul para cursar a Escola de Guerra em Porto Alegre. Em 1911 foi transferido para Curitiba, onde no ano seguinte passou a integrar o Estado Maior do general Setembrino de Carvalho, tendo participado do combate ao movimento do Contestado. Ainda em Curitiba participou, com os amigos Victor Ferreira do Amaral e Nilo Cairo, em 19 de dezembro de 1912, da criação da Universidade do Paraná, embrião da UFPR, compondo a primeira diretoria da instituição, no cargo de 2° secretário.

Ao estourar a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana em 1922 era comandante da 3a Companhia de Metralhadoras no Rio de Janeiro. Companhia esta integrada ao destacamento do general João de Deus Menna Barreto no combate aos revoltosos.

Major no governo de Artur Bernardes, foi ajudante de ordens do presidente da república. No final do mandato foi nomeado adido militar na Bélgica. Retornou ao Brasil em 1928, onde assumiu o comando do 7° Regimento de Infantaria de Santa Maria. Em 1929 matriculou-se na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais no Rio de Janeiro.

Durante a Revolução de 1930 combateu a Aliança Liberal, que depôs o presidente Washington Luís e levou Getúlio Vargas ao poder. Tendo organizado as forças governistas na região de Nova Friburgo. Após a derrota, entretanto, se aproximou do novo governo e passou a apoiá-lo.

Combateu a Revolução de 1932, cercando as tropas revoltosas em Cruzeiro e depois com Newton Cavalcanti isolou a capital São Paulo. Foi depois nomeado interventor federal interino no estado de São Paulo durante dois meses, antes da posse de Armando de Sales Oliveira. Nomeado comandante da 2ª Região Militar, foi destituído do cargo em 1934 por apoiar a candidatura de Goes Monteiro à presidência. Foi então nomeado para 8ª Região Militar, em Belém.

Nomeado comandante da 3ª Região Militar, sediada em Porto Alegre, em agosto de 1937, foi um dos principais apoiadores do golpe que instaurou o Estado Novo. Combateu, então, a resistência organizada pelo então interventor do Rio Grande do Sul, José Antônio Flores da Cunha. Com a deposição e o exílio de Flores da Cunha, Daltro Filho foi empossado como interventor federal no estado, em 17 de outubro de 1937, pouco antes da instauração oficial da ditadura, em 10 de novembro do mesmo ano.

Permaneceu, entretanto, apenas três meses no cargo, sendo obrigado a se afastar de suas funções em 19 de janeiro de 1938, por motivos de saúde, e falecendo alguns dias depois.