RETRATO DA SEMANA

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segunda-feira, 23 de março de 2015

O VALOR DA FESTA CAMPEIRA




O maior e real valor deste bonito encontro campeiro promovido pelo MTG, talvez não esteja somente na alegria de erguer o troféu, pois vai além de ter-se um Braço de Diamante. 

Andeja pela satisfação de um avô laçar ao lado do filho e do neto, rega a semente de futuros gaúchos (falo da piazada laçando vaca parada), inclui a mulher nas lides campeiras, traz o divertimento de um taura “cantando flor” num jogo de truco. 

A Festa Campeira, que aconteceu na cidade de Santa Cruz do Sul, em sua 27ª edição, é marcada por encontros e reencontros de pessoas “das antigas” embora moços na idade. Neste evento de resgate e preservação das lides campeiras, jovens criados em apartamentos compartilham democraticamente do mesmo gosto pelas coisas da terra gaúcha com àqueles forjados no meio rural. 

O acampamento, a confraternização, os seminários culturais (foto abaixo), são provas vivas de que nossa tradição é perene, embora muita coisa ainda possa ser feita.

Mas de tudo o que foi citado, o que mais dou valor neste reviver campesino é o desapego ao dinheiro, é o amadorismo (no bom sentido), é o participar por prazer. Ali, nenhum laçador está caçando camionetes, motos, valores monetários. Ali é o cerne, a raiz, o esteio da autêntica cultura regional de nosso pago crioulo tentando chinchar, na presilha do laço, os costumes mais puros que tentam fugir. 

Sei que sou um saudosista mas nos rodeios de hoje pouco eu enxergo do Rio Grande de antanho. Sei, também, que pensando assim, nunca alcançaremos a projeção de um Rodeio de Barretos, por exemplo, onde a "pataca" impera. Mas prefiro viver assim, meio esquecido, mas de consciência tranquila.   

Por isso, longa vida a nossa Festa Campeira.       



Fotos: Rogério Bastos