RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

segunda-feira, 30 de março de 2015

A EVOLUÇÃO DAS CARRETAS



Sábado a tarde não pude me fazer presente no 14º Rodeio Cidade de Porto Alegre, organizado pela Associação de Laçadores, onde pensava em assistir as palestras promovidas. Na madrugada de domingo, ali pela 1:30 h, adentrando em Porto Alegre, passei a lo largo pela avenida Beira Rio, que circunda o Parque da Harmonia, vi que a coisa andejava alta do chão pois ainda estavam laçando, a luz de refletores. Sinal de que havia muitas duplas inscritas.

Domingo pela manhã, depois de assistir ao Globo Rural, onde nossa canção Brasil de Bombachas serviu de fundo musical para uma reportagem sobre os plantadores de soja do Estado do Mato Grosso, me fui ao rodeio dar uma bombeada.

Ao que parece, a coisa deu grande mesmo. Diversos piquetes da capital, do interior e até mesmo de fora do Estado. Cheguei na hora em que as mulheres estavam laçando. Mas chê! Como evoluíram as nossas prendas num tiro de laço!

Dei uma olhada, também, na "vaca parada" onde a piazada recém saída dos qüeros vão boleando o laço com precisão. Os pais, mais nervosos que os próprios participantes, vão dando dicas, gritando, aplaudindo.... Ainda bem que ali o prêmio era só troféu e ração para os cavalos. Não é bom incentivar o monetarismo nestas crianças, já que nos adultos isto virou uma coisa natural.

No mais, muita gente assistindo, muitos pais levando os filhos para mostrar um pouco da vida do campo, e a tradicional confraternização no acampamento. Não proseei com ninguém da organização e por esse motivo não posso fornecer números mais precisos.

Me chamou a atenção (e com este pessoal estive proseando) um acampamento de carreteiros (foto acima). São pessoas que tem por gosto preservar este antigo meio de transporte que desbravou e deixou em seus rastros diversas povoações. Segundo o Paulo Barbudo, um dos comandantes do grupo, eles são oriundos de diversos locais da grande Porto Alegre como, Viamão, Gravataí, Alvorada, Morungava, Lomba Grande, Dois Irmãos e de outros lugares.

A gente sente nesta turma, homens, mulheres e crianças, o prazer de preservar os costumes de nossos antepassados que ficavam dias levando e trazendo mantimentos de um lugar para outro e, também, servindo de logística nas tropeadas e até nas revoluções. O Paulo Barbudo e sua companheirada, inclusive com mulheres trajadas com roupa de época, dormem ali mesmo, dentro dos carroções. Preparam seu "revirado" e trazem um passado distante para os dias de hoje. Dias estes onde o progresso trouxe o conforto de um motorhome, com tudo aquilo que se imagina numa moderna residência cidadina.

É a evolução das carretas, mas as marcas do tempo... Ninguém apaga.