No pronunciamento do Presidente do MTG, Manoelito Savaris, no Editorial do Jornal Eco da Tradição, na minha opinião, cabe duas leituras:
A primeira é o chamamento ao trabalho, a responsabilidade e a valorização da função de Patrão, de sentir na pele as dificuldades de liderar uma entidade. Tudo bem. É a função do presidente do Movimento.
O problema é a generalização (ou exclusão). As palavras só, tudo, nada, nenhum, são muito perigosas de se encaixar num texto.
Vejam este parágrafo:
Arrisco-me a afirmar que nenhum
tradicionalista terá plenas condições de aquilatar o Movimento, de dar parecer
com precisão, de avaliar a ação de outras lideranças, se não exercer a função
de patrão de entidade.
Pois em contraponto ao editorial eu digo que há muitas pessoas capazes e que jamais foram patrões. Cito exemplos bem próximo do Presidente, como os tradicionalistas Rogério Bastos, o Fraga Cirne e outros tantos atuantes, conhecedores, líderes, e que nunca foram patrões. Outro: Jarbas de Melo Lima. Não lembro que este tribuno tenha sido patrão, mas é dos poucos tradicionalistas da pura cepa crioula. E assim tem dezenas de pessoas que estão dentro do Movimento sem a ambição de cargos, labutando por puro amor ao tradicionalismo.
Ao contrário, conheço diversos Patrões que não valem um tostão furado. Que estão dentro dos Centros de Tradições por ambição pessoal e que não sabem a diferença do que seja uma bombacha serrana e uma fronteiriça e que, por olharem somente para o próprio umbigo, levaram sua entidade a falência e engessaram o próprio MTG.
Mas vejam na íntegra o que escreveu o Presidente:
Editorial
do Presidente - O Patrão
O exercício de liderança, em
qualquer instância social, apresenta elementos importantes para a realização ou
para o crescimento pessoal de qualquer cidadão. De todas as posições de
liderança na estrutura do Movimento Tradicionalista Gaúcho a de patrão de
entidade é a que mais pode realizar um tradicionalista. É na entidade que se
faz a tradição (no conceito de transmitir cultura de uma geração à outra).
Ser patrão de uma entidade,
especialmente daquelas que tenham sede própria e os vários departamentos em funcionamento
(artístico, campeiro, esportivo, cultural) é também um grande desafio, pois não
basta querer e ter boa vontade, tem que poder e dispor de tempo, de muita
paciência e de, não raras vezes, usar do próprio dinheiro para pagar contas e
despesas da entidade.
Arrisco-me a afirmar que nenhum
tradicionalista terá plenas condições de aquilatar o Movimento, de dar parecer
com precisão, de avaliar a ação de outras lideranças, se não exercer a função
de patrão de entidade. Não de qualquer entidade, mas daquelas que tem muitos
sócios, atividades diárias e contas a pagar no final do mês. Se alguém é, ou
foi patrão de entidade que faz eventos grandes, que realiza rodeios, que leva
grupos de danças para rodeios ou para o ENART, que participa ativamente do
Aberto dos Esportes, e assim por diante, aí sim poderá melhor dar parecer,
criticar e apontar caminhos mais seguros para outros líderes do MTG.
Tradicionalistas (alguns nem isso
são) que emitem opinião, dizem como, quando e de que forma deve ser feito,
criticam, julgam, muitas vezes ofendem, sem jamais terem exercido qualquer
função de liderança em que tenha sido necessário gastar do próprio bolso, que
nunca tiveram que resolver querelas entre associados, que nunca tiveram que
buscar parceiros e patrocinadores para garantir sucesso de eventos da entidade
(não para si mesmo), esses não contam! Esses que somente veem o próprio umbigo
não podem ser mais importantes, mais necessários para movimento do que os
patrões.
O Movimento Tradicionalista Gaúcho
está completando quase 70 anos de existência e chegou até aqui graças ao
trabalho dos patrões, dos coordenadores, dos conselheiros, dos capatazes, dos
presidentes, ou seja, de todos aqueles que deram de si. Que serviram. Que se
dedicaram para o bem dos outros e das suas entidades. Não posso crer que o MTG
alcançou o patamar que hoje ocupa por conta daqueles que sempre, e a todo
momento, se servem do Movimento, cobram para fazer “tradição”, se acham os
tais, posam de artistas para exigir isso e mais aquilo, que vivem às custas das
promoções dos CTGs.
Por tudo isso, reafirmo a minha
convicção de que os patrões de entidades são as nossas mais importantes
lideranças. A eles meu respeito e meu reconhecimento. A eles o crédito do
sucesso do Movimento.
Aos patrões uma mensagem direta e reta:
não se deixem abater pelas críticas e cuidem para que suas entidades sejam
santuários da tradição.
Manoelito
Carlos Savaris Presidente do MTG