VAQUEANOS DE CAMPO E ALMA

Vou começar minha prosa de uma forma bem moderna. Depois, eu vou "engrossando" o caldo. Então vos digo como diz a gurizada: - Pensem em dois gaúchos bem autênticos, de raiz, sem artificialismos. Pensaram? Pois bueno. Multipliquem por 20. Melhor. Multipliquem por cem. Só aí vocês terão ideia destes dois serranos, meus amigos. José Fonseca e Sérgio Gaudério Barbosa. A esquerda e a direita das fotos, respectivamente.

Rebusquei no Dicionário de Regionalismo de nossos conterrâneos, os irmãos Zeno e Rui Cardoso Nunes, palavras para adjetivar este dueto de homens campeiros. Simplesmente não existe.

Em minha larga experiência tradicionalista convivi com diversas pessoas que prenderam minha admiração. Artistas de todo o porte, poetas, prosadores, peões, patrões, mas veio de minha terra, São Francisco de Paula, os momentos mais felizes e de maiores aprendizados no que tange a minha vivência campesina. É muita paz andejar pelos campos, pelos varzedos largos, pelas grotas, pelas estradas de meu pago ao lado destes dois serranos de lei. Ali se revive o valor do companheirismo. É o gauchismo em sua face mais pura, onde não cabe firulas, enfeites, meias-palavras....   

José Fonseca é o maior conhecedor das lides campeiras que eu já conheci. Vaqueano com olhar de águia que sabe onde mora a caça, aonde o rio da passo, o que se esconde por detrás da cerração. Com ele por diante, abrindo os rumos, nunca demos ôh de casa em tapera. Sabe do tempo, dos segredos das lavouras, de reatar uma mula e da história antiga de cada palmo de terreno daqueles campos dobrados. É um terrunho por excelência e, talvez, um dos últimos tropeiros desta querência.   

Sérgio Gaudério Barbosa andeja com a mesma naturalidade no dorso de um flete ou no lombo de um bom livro que retrate as coisas deste Rio Grande. É a cultura de a cavalo. Homem que repassa para os textos, para os microfones, a sua vivência rural forjada em centenas de andanças por corredores e pastiçais desta Província de São Pedro.

Sinto orgulho em ter aprendido muito do que sei sobre o campeirismo, em nossas jornadas dos Cavaleiros da Neve, com estes dois gaúchos, vaqueanos de campo e alma.