Bico de pena de : Costa Araújo
SEM MUDAR O VELHO TRANCO
(Letra: Léo Ribeiro)
Ouvindo as esporas me fiz andarengo,
por ser meio rengo uma canta em primeira
a outra responde num tom mais acima
e as duas se afinam dançando a vaneira.
Assim é a vida, assim é meu jeito,
se tenho defeitos, virtudes me sobram
não grito por pouco, não pulo janela
e só na capela meus joelhos se dobram.
Sou voz de cordeona que brota da alma
as vezes com calma e outras nem tanto.
Eu sou o Rio Grande que vem do gaitaço
com ela nos braços é qu ‘eu me garanto.
Aquilo qu’ eu sei aprendi nos “aperto”
o campo liberto foi meu gabinete,
se tudo vem fácil a gente nem nota
e a perna cambota não faz o ginete
Eu sou sempre o mesmo, não mudo a pegada,
por coisas passadas não perco meu sono.
Não gosto de burro qu’ é manso por magro
mas quando tratado derruba o seu dono.
Sou voz de cordeona que brota da alma
as vezes com calma e outras nem tanto.
Eu sou o Rio Grande que vem do gaitaço
com ela nos braços é qu ‘eu me garanto.
Eu sigo na lida de taura gaiteiro
tapeando o sombreiro e suando a camisa
d’estampa campeira meu luxo é o sorriso
prum cabelo liso nem pente precisa.
Cortado do tempo que a tudo consome
não sou mais um homem de farra em balcão
mas levo ao reponte a mesma cantiga
que fala de vida, de povo e de chão.