RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

sexta-feira, 16 de maio de 2014

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO


 Grupo se apresentou na televisão no final de abril Foto: TV / Reprodução
 
Os dois responsáveis por colocarem a apresentação da banda Putinhas Aborteiras na internet foram demitidos da TV Educativa de Porto Alegre, mais conhecida como TVE.

Ambos eram funcionários de confiança (CCs) e trabalhavam na área de marketing e redes sociais.

Segundo o presidente da Fundação Cultural Piratini, Pedro Osório, as demissões ocorreram por "uma questão de coerência" — a banda foi entrevistada em um horário em que o conteúdo das músicas não poderia ser veiculado. A apresentação foi ao ar alguns dias depois durante a madrugada:
— Eu acho que esse tipo de conteúdo não poderia ter subido pela inadequação da linguagem e exposição a crianças. Inclusive tiramos o vídeos do ar.

Osório disse também que a conduta dos funcionários já estava sob avaliação por erros anteriores e a publicação da apresentação da banda no Youtube foi o ápice do problema.

Os nomes, que serão divulgados no Diário Oficial, não foram identificados pela TVE.

Entenda o caso:

O vídeo atingiu um grande número de visualizações e repercutiu a música da banda, conhecida pelo discurso feminista, de defesa do direito ao aborto e críticas ao machismo, à Igreja Católica.

Na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, a bancada do Partido Progressista (PP) protocolou requerimento de moção de repúdio à emissora por ter apresentado o grupo autointitulado "anarcafeminista" e divulgado uma música com palavrões.

No requerimento assinado pelos vereadores Mônica Leal e Guilherme Socias Villela, a TV educativa é criticada por exibir a manifestação que se utiliza de "linguajar chulo e de baixo nível" e que "fere a moral e os bons costumes do povo brasileiro."

Em nota publicada na página oficial no Facebook, a banda critica "os preconceitos e opressões sofridos diariamente pelas mulheres, e as reações violentas de pessoas conservadoras só confirmam o incômodo que isso causa. Ainda é um tabu falar sobre aborto, embora a letra que cantamos no Radar - "o corpo é da mulher e a decisão também" — seja uma reivindicação do movimento feminista há décadas".

Procuradas por Zero Hora, integrantes do grupo afirmaram que estão sofrendo ameaças após a exibição do programa e preferem não falar à imprensa.

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