Matéria extraída do blog G1 Repórter Farroupilha, que tem a frente
Giovani Grizotti
Em decisão inédita, o Ministério Público Estadual abriu
procedimento para investigar normas internas do MTG. A iniciativa partiu da
promotoria de Defesa Comunitária de Santana do Livramento, diante da proibição
imposta pela 18a Região Tradicionalista (seguindo orientação do presidente
Manoelito Saravis), de que entidades filiadas da região não poderão participar
da 32a Campereada Internacional, um dos mais tradicionais eventos da fronteira,
que acontece entre os dias 30 de abril e 4 de maio. Há “interesse público” na questão, entende a promotoria,
em despacho (veja ao lado).
O motivo é que o rodeio, organizado por uma comissão da qual
fazem parte prefeitura e Coordenadoria Municipal de Tradicionalismo, terá uma etapa do circuito promovido pela
Federação Gaúcha de Laço. Assim como sediará, ainda, a terceira classificatória
da Copa RBS TV de Laço. É mais uma consequência da resolução do conselho
diretor do MTG, que também proíbe narradores e juízes filiados de trabalharem
em eventos que tenham participação da federação. “É uma ditadura”, resumiu o
presidente da federação, Cléber Vieira.
Em entrevista que será reproduzida logo mais, no Jornal do
Almoço, o presidente do MTG diz que apenas está seguindo regulamentos internos
do movimento. Na tarde desta terça-feira, o presidente da comissão executiva da
campereada, Sério Munhoz, esteve com a promotora Fernanda Carvalho, que já
chamou o vice-coordenador da 18a, o vereador Ademir Alves de Melo, de Rosário
do Sul, para uma reunião nesta quinta-feira. Ele critica a orientação dada pelo
MTG. ”Não é por esse lado que vamos fortalecer o movimento”, afirma. Mas disse
que vai levar à promotora a orientação que recebeu de Savaris.
Se não houver acordo nessa reunião, a promotora pode adotar
outras medidas, visando preservar o patrimônio cultural do município, no qual a
campereada está inserida. “Pode estar ocorrendo um extrapolamento das funcoes
do MTG”, diz a promotora.
Integrantes do MTG já “caçam” filiados que estiveram em
outros eventos da federação de laço. Caso de um diretor campeiro de região, que
foi chamado a se explicar por ter laçado no rodeio de Porto Alegre, organizado
por Cléber Vieira. Em uma declaração
surpreendente, outro coordenador (da 2a RT), admitiu que “metade” da região
participou do rodeio, mas que não vai repassar os nomes ao MTG, por ser contra
as proibições. “A federação de laçadores veio em um bom momento. Temos de nos
unir”, prega Ivan Botelho.
O fato é que, a partir de agora, a investida do MTG contra a
Federação de Laço passa a ter o olhar atento do Ministério Público, que encara,
num primeiro momento, o boicote como inconstitucional.