Na segunda-feira de carnaval, fiquei com medo do trânsito na autoestrada e me vim "simbora" da praia. Na terça, feriado, e eu pelas casas, tranquilo que nem água de poço (antes de cair o balde).
Para não ficar de valde, fui visitar a Fundação Iberê Camargo, aqui na av. Beira Rio, num dos lugares mais privilegiados da capital.
Prédio imponente, estacionamento subterrâneo privativo, vista deslumbrante. Realmente, um brinco.
Podem me chamar de grosso e coisa e tal mas digo que a casa que leva o nome de um dos artistas mais conhecidos do Rio Grande, mal comparando, é como uma taquara, um bambu. Liso por fora e oco por dentro.
Sou um artista e penso que arte não se discute, se aprecia. Cada um enxerga uma obra a sua maneira. Contudo, para o MEU gosto, prefiro as formas definidas, arredondadas. Aquilo que o artista tem que explicar o seu significado, não me atrai. Mas, como disse é o meu gosto e respeito opiniões contrários.
Mas não é em relação a arte este meu comentário. É, isto sim, em relação a falta dela.
Com todo o respeito me decepcionei com a Fundação Iberê Camargo. Do artista que empresta o nome ao prédio, nada mais que 10 obras que caberiam (e estão) numa sala quatro por quatro. De resto, três andares praticamente vazios, com uma obra aqui, outra ali (foto abaixo).
Enquanto isto, a gauchada vem lutando, peleando, pedindo, implorando, por um museu que represente nossa cultura, que espelhe nossos costumes, que retrate nossas tradições. E... nada!
O poder público não apoia, as entidades não se organizam. Nem mesmo a solicitação de reforma do casarão histórico onde funcionou o Grêmio Gaúcho (foto abaixo), primeira entidade voltada para nossas tradições foi atendida. Está ali, apodrecendo e servindo de abrigo a mendigos e drogados.
Parabéns aos mentores, mantenedores, organizadores da Fundação Iberê Camargo, pela iniciativa, pelo poder de barganha, por receberem do município e do estado a atenção e o apoio que nós, tradicionalistas, não conseguimos.