Os negros sempre foram (e continuam sendo) oprimidos no Brasil.
Mas, segundo alguns, os farrapos são os grande vilões por não conseguirem a sonhada abolição.
Nossa postagem de ontem, intitulada ATÉ QUANDO ESTE “CHORORÔ”?,
bateu todos os recordes de acesso em 24 horas. Sucesso absoluto. Dezenas de “chasques” chegaram com parabéns por
nossa colocação contrária àqueles que indignam-se com os festejos farroupilhas.
Não é esse nosso objetivo, mas isto prova que não estamos solitos nesta empreitada.
De Passo Fundo, nosso amigo e colaborador Hilton Araldi nos
enviou mais três matérias contundentes de professores universitários,
sociólogos e jornalistas, todas atacando os farroupilhas. Esses três personagens
já são figurinhas carimbadas e não merecem nem ao menos terem seus nomes
citados.
A alegação (ou o chororô) é a mesma. Não aconteceu a sonhada
separação e não libertamos os escravos e, portanto, devíamos enfiar a viola no
saco e esquecer de tudo, até de que somos gaúchos, ou seja, os farrapos são os
vilões da história!
Não entram em detalhes. Não falam que resistimos por 10 anos
contra um império, peleando com menos homens, menos dinheiro, menos armamentos,
menos tudo... ou melhor, mais valentia! Mas não, como disse, os farrapos são os grandes
vilões da história!
Não falam que os generais abolicionistas Bento Gonçalves da
Silva e Antônio de Souza Netto, por não concordarem com os termos de paz onde Caxias,
a mando do Império, não queria a libertação dos escravos, não participaram das
negociações e saíram para as bandas do Prata com o maior número de soldados
negros possíveis.
Culpam os farrapos por não realizarem uma abolição que só
veio a acontecer no Brasil quase meio século depois. Que a libertação das
pessoas de cor só ocorreu nos progressistas Estados Unidos em 1865 (vinte anos
após o término da Guerra dos Farrapos) a custa de 970 mil vidas (Guerra da
Secessão). Que 5% da população branca da África do Sul, até pouco tempo, praticava
as maiores atrocidades contra toda uma raça negra. Mas não! Os farrapos tinham
que ter libertado seus lanceiros (que na verdade o foram, pois participaram, logo
em seguida, da Guerra do Paraguai).
Vamos ser conscientes e assumir que a Lei Áurea foi apenas um
ato simbólico. Não fosse assim não teríamos a necessidade de mais leis para dar
amparo aos negros contra discriminações raciais, cotas nas faculdades....
Falando em faculdade, que este professor universitário passofundense olhe para
o lado e diga quantos colegas negros ele tem. Que este assessor parlamentar da
Assembleia Legislativa do Estado, um fanfarrão, antes de falar dos gaúchos, conte
nos dedos (de uma das mãos) quantos representantes negros nós temos na câmara
estadual. Que expliquem porque um negro, cumprindo a mesma função, ganha menos
do que um branco.
Então, caros senhores, que nada fazem por nossos "Lanceiros Negros" de hoje, que não alforriam suas próprias consciências, vamos parar de demagogia, de hipocrisia,
de responsabilizar nossos antepassados por atos que até agora se sucedem, em
tempos de paz.
Léo Ribeiro