SOBRE OS DESFILES
Jairo Reis e este blogueiro, comentando sobre os desfiles para a Rádio Rural
Pelo segundo ano consecutivo, ao lado do meu
amigo, jornalista e radialista Jairo Reis, fui convidado a comentar os desfiles
farroupilhas para a Rádio Rural, da RBS. Fato que agradeço pela confiança.
Pois bueno. Então aqui vai o que penso sobre o
que foram estas manifestações culturais.
Uma discussão que se abre, sempre, é a
"carnavalização" do Desfile Temático, com carros alegóricos, grandes,
coloridos, movimentados, que, realmente, conduzem nossa imaginação para os
desfiles de escolas de samba do centro do país.
Contudo, e segundo meus rebusques, CARNAVAL
significa OS PRAZERES DA CARNE. Isto posto (e agora vai a minha interpretação),
tudo o que dá prazer a carne, pode ser considerado carnaval. Sendo assim, até uma
cavalgada, um jogo de futebol, uma caminhada, são... carnavais.
O problema é que nós, brasileiros, ligamos
carnaval com samba e mulheres semi-nuas. Mas os próprios corsos e desfiles
carnavalescos, antigamente, eram muito mais sóbrios. Na Itália, em Veneza, até
hoje o carnaval é composto pelo baile de máscaras com mulheres de vestidos
longos e ricamente trabalhados e homens de terno com os famosos chapéus de três
pontas.
Sendo assim, antes de chamar nosso Desfile
Temático de carnaval, temos que pensar bem o sentido que queremos
dar-lhe.
Para mim, os carros temáticos representaram a
nossa cultura e os nossos costumes do Rio Grande do Sul e
não vi o desfile com olhos de espanto. Ao contrário. Foi um desfile bonito, bem
elaborado, pomposo, com dezenas de participantes de diversas entidades tradicionalistas
a integrarem-se ao tema proposto com orgulho e entusiasmo, com indumentária típica e música gauchesca retrechando ao fundo. Muito bom!
E se buscamos visibilidade, se ficamos
contrariados porque, a nível nacional, não dão importância ás nossas
comemorações, temos que mostrar nosso produto. E não é por um carro temático
estampando o que é nosso de um modo colorido, gigantesco, que o peão de
fazenda, o tropeiro, o alambrador, e todos nós, vamos ser menos gaúchos, menos
autênticos. Se assim fosse, nem poderíamos nos deleitar com os mitos e lendas de
Simões Lopes Neto com cobras de fogo, bruxas, negrinhos que cavalgam pelo céu,
pois tudo é ficção
A
única coisa que não concordo (mas este ano já foi bem menos) é a mescla do
Desfile Temático com o Desfile Tradicional. Para mim, uma coisa é uma coisa e
outra coisa é outra coisa. Assim como não deve ter gente a pé atrasando a
cavalaria (Desfile Tradicional), não acho correto que pessoas do Desfile
Temático venham pisando em esterco de animal, avenida a fora...
Em
relação ao Desfile Tradicional, também se abre um debate que, na minha opinião,
não tem fundamento. Alguns defendem que somente desfile, neste dia 20, os cavalarianos,
deixando de fora entidades como a brigada militar, a polícia civil e outras
entidades.
Minha
gente: O 20 de setembro é O DIA DO GAÚCHO e não somente do ginete (e olhem que
sou homem do lombo do cavalo). Então, todos àqueles que sentem na alma este
orgulho tão propagado de ser gaúcho, deve manifestá-lo. Dava gosto de ver, como
eu vi, os olhos brilharem... Crianças, moços, velhos, homens e mulheres, com as
bandeirinhas abanando, entusiasmado por estarem ali mostrando seu civismo.
Hay lugar para todos e os cavalarianos nunca
deixarão de ser o ponto alto dos desfiles farroupilhas.