Num dia 08 de agosto, do ano de 1931 nascia em Porto Alegre o escritor, compositor, contista e poeta Apparício da Silva Rillo (na foto com o violão).
Apesar de ter nascido em Porto Alegre, fixou residência em São
Borja. Publicou artigos e ensaios na imprensa, livros de contos e de poesia e
peças de teatro. Autor de Literatura de Latrina, sobre frases escritas nos
sanitários das cidades gaúchas e da série Rapa de Tacho, além de diversos livros de poemas.
Ganhador do Prêmio Ilha de Laytano em 1980 e do Prêmio Nacional de Crônicas em
1978.
Estudou em Novo Hamburgo, Ijuí e Porto Alegre, onde se
formou Técnico em Contabilidade. Mais tarde cursou Ciências Contábeis e
Economia na PUC.
Em 10 de outubro de 1953 (dia do Padroeiro de São Borja -
São Francisco de Borja), aos 22 anos, foi morar em Nhu-porã - distrito de São
Borja, para trabalhar como contador na Propriedade dos Irmãos Pozzueco.
A partir de 1957 adotou São Borja como sua terra, da qual
sempre teve orgulho de falar em seus poemas e músicas. Dois anos mais tarde, em 1959, escreveu seu primeiro livro
de poesias: "Cantigas do Tempo Velho" - versos crioulos. A partir desse, vieram mais de 40 obras, entre elas poesias,
prosa, peças de teatro, novelas, teses, monografias, antologias, além de
folclore e história.
Considerado um dos nomes mais importantes na cultura gaúcha,
Rillo registrou grande parte da história de São Borja; criou festivais e CTGs,
deixando sua marca no contexto cultural, artístico e histórico de nossa cidade,
da 3ª RT e de todo o Rio Grande do Sul.
Foi membro da Academia Rio-grandense de Letras e da Estância
da Poesia Crioula. Foi premiado em concursos de nível regional, nacional e até
internacional (na Alemanha com o conto "Bicho Tutu").
Em 1962, fundou o Grupo Amador de Arte "Os
Angüeras", o mais antigo em atividade no Rio Grande do Sul. Em 1979 junto
à sede do Grupo organizou o Museu Ergológico da Estância, que na linha
folclórica um dos únicos do Brasil.
Foi um dos maiores letristas da história da música do Rio
Grande do Sul, por esse motivo, falar de Apparício Silva Rillo sem fazer
referência aos Festivais Nativistas é impossível. Em 1971, escreveu "Andarengo", com música de José
Bicca (considerado seu irmão de arte); esta foi a primeira música a subir ao
palco da 1ª Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, sabidamente o mais
antigo Festival Nativista do Estado. Daí o seu pioneirismo. Meses mais tarde,
idealizou o Festival da Barranca. Criou também o Clarim, extinto festival de
músicas regionalistas.
Rillo é o autor dos Hinos de São Borja, Cerro Largo e Santa
Rosa.
Apparício foi um homem a frente do seu tempo, soube colocar
nas suas narrativas, usando o ficcional como cortina, fatores de ordem
histórico-sociais e econômicos, seus temas também eram alicerçados nesses
fatores.
Era dono de uma inteligência e sensibilidade privilegiadas.
Homem de bom coração, Rillo era amigo dos amigos. Tinha a
"mania" salutar de dar forças a todos os que o cercavam, incentivou o
aparecimento de vários poetas e compositores, como: José Hilário Retamozo, José
e Miguel Bicca, Mano Lima e um de seus mais fiéis discípulos Rodrigo Bauer.
Em maio de 1991, escreveu "Poço de Balde", o seu
último livro de poemas. Obra estranhamente premonitória, de remate, que exigiu
do artista maduro um de seus maiores esforços.
Afinal, no limiar dos sessenta anos, detentor de um lugar
definido e um nome consagrado, multiplicou-se a responsabilidade em razão da
expectativa em torno dessa nova obra - um momento de perplexidade em que o
autor sentiu, e anunciou, empreender o seu "rito de passagem".
E na manhã do dia 23 de junho de 1995 (na véspera de São
João) Apparício Silva Rillo aos 63 anos deixou um pouco mais órfãos a cidade e
o Rio Grande do Sul.
"Seu Rillo", como era carinhosamente chamado foi e
continua sendo reconhecido e aplaudido por todos, deixou-nos um imensurável
trabalho que ficará gravado nas páginas da história rio-grandense.